segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

"Que eu não me especialize em desculpas que me desviem dos meus prazeres. Que eu consiga derreter as grades de cera que me afastam da minha vontade. Que a cada manhã, ao acordar, eu desperte um pouco mais para o que verdadeiramente me interessa." (Ana Jácomo)


"Teu bom pensamento longínquo me emociona.
 Tu, que apenas me leste, acreditaste em mim, e me entendeste profundamente.
 Isso me consola dos que me viram, a quem mostrei toda a minha alma,
e continuaram ignorantes de tudo que sou, como se nunca me tivessem encontrado."
I Cecília Meireles I


"Afinal, existem os sãos,
existem os vãos, os loucos, e os normais...

...e existem os poetas."

Com as bençãos de Deus,
que venha 2015!
No varal das coisas ditas, estendo minha gratidão aos olhos cúmplices, que visitaram este- vendaval de idéias * - ao longo deste ano. Agradeço a gentileza daqueles que nas letras em que bordei meus aconchegos, nelas também se descansaram. Agradeço àqueles que fizeram da poesia, a ponte para afinados encontros. Agradeço a cada um que, mesmo não sabendo o inteiro alcance das minhas mãos, tomaram minhas sementes e as levaram para além dos meus curtos horizontes, expandindo-me aos literários reinos em que transitamos. Agradeço este ano generoso de portas e janelas, ruas e cenários, espinhos e absolvições; material pleno a despertar-me inspirações em todas as vezes que nasci palavra. Agradeço a vida por me permitir ser um pequeno tradutor de suas imensidões, confessionário das interiores marés de nós, delator eleito pelas próprias tempestades, das mentiras e verdades que escondemos por vergonha, mas que celebramos ao nos reconhecermos todos no espelho da literatura. Agradeço àqueles que sei dos seus nomes e àqueles que de nada sei, em que pude compartilhar nas costuras dos meus imaginários, aquilo que de mim tanto digo sem de mim nada dizer. Peço dirigido perdão a todos aqueles que na minha vida, pelas palavras os fiz pequenos, fazendo-me ainda menor por isto, ferindo pelo que deveria dizer quando nada disse, ou pelo silêncio que deveria ser a única coisa declarada, mas por mesquinhez o calei. Que eu possa ser versão mais nobre de mim que ainda não fui, refletindo mais as virtudes do que minhas sombras, nas palavras que, nas linhas e boca ainda me pertencerão. Obrigado por tudo e a todos neste ciclo.

Guilherme Antunes

*Adaptado

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Aprendeu a língua dos ventos. Quando cantava, os mensageiros faziam coro. _________________________ Willian Gorj

Um belo Natal a Todos!
A estrela-guia que fica no topo de muitas árvores, deve ser pensada como uma esperança, e não como um enfeite apenas. Eu acredito além de tudo, que não só o natal, mas todos os nossos dias precisam ser mais enfeitados, sejam com enfeites, histórias, luzes… eu acredito que essa sensação celestial que se sustenta no natal, deve estar em todos os nossos dias, para a gente com delicadeza lembrar que o mundo é bem mais que nossos olhos conseguem alcançar. Diante de tantas coisas que acontecem, eu acredito que estamos precisando limpar os olhos e enxergar de verdades a estrela-guia que habita nosso céu, e deixá-la ela nos levar ao menino Jesus, pois ele foi um menino, que nasceu de forma mágica, simples, bonita, ganhou presentes, e fez nascer em nós esperança. Acredito que nesses tempos que caminhamos, a estrela-guia que nos leve até o amor anda em falta, não porque estrelas cadentes estão extintas do céu, se a gente observar com cuidado, sem pressa, sem impaciência, vamos ver que o céu está repleto delas, só esperando para serem olhadas. Desejo que as estrelas guias, independente da fé de cada um, sejam olhadas e acompanhem-nos até o amor, e isso é urgente. Eu desejo muitas estrelas-guias nos corações, nos caminhos, eu desejo estrelas-guias que nunca deixem esquecer que o que faz o caminho, é o amor. Que Jesus nos abençoe. Feliz sempre!



quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

"Pregue o Evangelho em todo tempo. Se necessário, use palavras." _______________________ São Francisco de Assis

Quando a ternura não vira as costas para o amor...
A história pode ser bem diferente

Lígia Guerra 
Fica decretado que, neste Natal, em vez de dar presentes, nos faremos presentes junto aos famintos, carentes e excluídos. Papai Noel será malhado como Judas e, lacradas as chaminés, abriremos corações e portas à chegada salvífica do Menino Jesus. Por trazer a muitos mais constrangimentos que alegrias, fica decretado que o Natal não mais nos travestirá no que não somos: neste verão escaldante, arrancaremos da árvore de Natal todos os algodões de falsas neves; trocaremos nozes e castanhas por frutas tropicais; renas e trenós por carroças repletas de alimentos não perecíveis; e se algum Papai Noel sobrar por aí, que apareça de bermuda e chinelas. Fica decretado que cartas de crianças só as endereçadas ao Menino Jesus, como a do Lucas, que escreveu convencido de que Caim e Abel não teriam brigado se dormissem em quartos separados; propôs ao Criador ninguém mais nascer nem morrer, e todos nós vivermos para sempre; e, ao ver o presépio, prometeu enviar seu agasalho ao filho desnudo de Maria e José. Fica decretado que as crianças, em vez de brinquedos e bolas, pedirão bênçãos e graças, abrindo seus corações para destinar aos pobres todo o supérfluo que entulha armários e gavetas. A sobra de um é a necessidade de outro, e quem reparte bens partilha Deus. Fica decretado que, pelo menos um dia, desligaremos toda a parafernália eletrônica, inclusive o telefone e, recolhidos à solidão, faremos uma viagem ao interior de nosso espírito, lá onde habita Aquele que, distinto de nós, funda a nossa verdadeira identidade. Entregues à meditação, fecharemos os olhos para ver melhor. Fica decretado que, despidas de pudores, as famílias farão ao menos um momento de oração, lerão um texto bíblico, agradecendo ao Pai de Amor o dom da vida, as alegrias do ano que finda, e até dores que exacerbam a emoção sem que se possa entender com a razão. Finita, a vida é um rio que sabe ter o mar como destino, mas jamais quantas curvas, cachoeiras e pedras haverá de encontrar em seu percurso. Fica decretado que arrancaremos a espada das mãos de Herodes e nenhuma criança será mais condenada ao trabalho precoce, violentada, surrada ou humilhada. Todas terão direito à ternura e à alegria, à saúde e à escola, ao pão e à paz, ao sonho e à beleza. Fica decretado que, nos locais de trabalho, as festas de fim de ano terão o dobro de seus custos convertido em cestas básicas a famílias carentes. E será considerado grave pecado abrir uma bebida de valor superior ao salário mensal do empregado que a serve. Como Deus não tem religião, fica decretado que nenhum fiel considerará a sua mais perfeita que a do outro, nem fará rastejar a sua língua, qual serpente venenosa, nas trilhas da injúria e da perfídia. O Menino do presépio veio para todos, indistintamente, e não há como professar o “Pai Nosso” se o pão também não for nosso, mas privilégio da minoria abastada. Fica decretado que toda dieta se reverterá em benefício do prato vazio de quem tem fome, e que ninguém dará ao outro um presente embrulhado em bajulação ou escusas intenções. O tempo gasto em fazer laços seja muito inferior ao dedicado a dar abraços. Fica decretado que as mesas de Natal estarão cobertas de afeto e, dispostos a renascer com o Menino, trataremos de sepultar iras e invejas, amarguras e ambições desmedidas, para que o nosso coração seja acolhedor como a manjedoura de Belém. Fica decretado que, como os reis magos, todos daremos um voto de confiança à estrela, para que ela conduza este país a dias melhores. Não buscaremos o nosso próprio interesse, mas o da maioria, sobretudo dos que, à semelhança de José e Maria, foram excluídos da cidade e, como uma família sem-terra, obrigados a ocupar um pasto, onde brilhou a esperança. 

Autor: Frei Betto _  É escritor, autor de vários livros e assessor de movimentos sociais.

"Fui salva porque a porta da loucura, do sonho e da criação se abriu para mim. Sem ela eu passaria pela vida em branco..." ______________________________ Kléber Novartes

Quem sabe, um dia, eu, em mim, colha um jardim?

Mia Couto
 
"Tenho uma bússola do lado esquerdo do peito que indica o caminho. Não me prendo a nada que me faça encolher. Evito a marcha a ré. Levo nos olhos sempre um brilho de sol!Recuso-me a desesperança. Não aceito o menos. Deixo que digam, que pensem, que falem, deixo isso pra lá...Pra cada tristeza no dia, eu tiro um sorriso de dentro do bolso. Eu economizo tudo, menos a alma...Eu só insisto no que é lindo. Sempre tenho uma prece pra deixar de escurecer!"

D.A.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Preciso me mudar; alguém conhece um coração que tenha vista para o amar? _____________________ Gonzaga Neto

"Deseja amor por coincidências,
pois coincidências são alicerces da eternidade"
Ela não busca nada além de uma felicidade qualquer. Deseja trovoar manhãs. Deseja se alimentar dos sorrisos de quem ela alimenta. Deseja chorar o choro dos olhos de quem chora por ela. Procura por esse mundo o que é seu por direito e necessidade. Cansou do acaso. Deseja caso. Ora toda noite, desculpando-se de suas entregas. Penitencia-se por desejar amor demais onde a esperança já lhe deu as costas. Sofre, mas sofre em silêncio. Sofre pra si, trancada dentro de seu peito, dentro de seus arrependimentos, dentro de seus medos. Cobre-se de toda sua coragem despejada em tão tênue sentimento, que por espinhos da vida não se tornou seu harém de pétalas. Ela procura nas frases as brincadeiras da poesia. Procura na conversa alta o seu beijo de "durma bem". O que a difere das outras mulheres? Considera-se diferente, incomoda-se com quem incomoda seu mundo. Não será qualquer um que desabotoará seus orgulhos, orgulhos de mulher que contracenam e contradizem com as intenções de quem se aproxima. Não é pecado, é receio. Receio de um resquício de sorriso culminado em imaturas verdades ou veementes mentiras. Não que lhe faltem tentativas. Torna-se a mais bella da noite, adorna-se de maneira leve e delicada, passeia pelos olhos de quem a olha, e a alguns esboça um sorriso. Dança como quem ali não está, porém atenta a todo movimento ao seu redor. Dentro de si ela busca amor, mas sabe que prefere ser buscada. Deseja amor por coincidências, pois coincidências são alicerces da eternidade. Ela busca no outro o que não encontra em si. Ela busca no outro, não encontra e ri. Retorna pra casa à espera do agora. Leva consigo as incertezas de uma noite. Dorme o sono de quem se arrepende de tentativas, de quem aguarda o inesperado, de quem não espera os segredos das manhãs, tamanhas são as surpresas dessa vida.


Brunno Leal


Diga-me o que você inspira e direi quem és! (...) ________________________ Pe. Fábio de Melo

Somente depois de dizermos infinitas vezes
 “Eu te perdôo”, é que temos o direito de dizer
 “ Eu te amo”.

(Pe.Fábio de Melo)
Esse jeito "esquisito" que Jesus tinha de preferir os piores, me faz pensar na beleza dos avessos. As vezes, a gente na pressa de encontrar, a gente não vê. Quantas vezes na minha vida eu desprezei as pessoas porque eu considerei o agora? É tão doído a gente ser visto a partir do presente, quando as pessoas olham pra gente e só enxergam aquilo que a gente tem no momento. Isso é fascinante em Jesus! Por isso Ele era capaz de preferir quem Ele preferia. Porque Jesus era um homem que não se prendia no presente. Eu acredito, eu acho interessante isso que os amantes, eles nunca esgotam as criaturas amandas, porque o amor sobrevive de futuro. Ele consegue enxergar o que a gente ainda não viu. A pessoa que ama consegue enxergar o que o outro ainda não é, vê o avesso, vê o contrário da situação. É tão bonito a gente pensar que a beleza do tecido tem um sustento, uma trama que está por trás de tudo isso. Compreender as pessoas, amá-las, só é possível quando a gente entra na trama dos avessos. Quando a gente não enxerga somente aquilo que os olhos podem revelar, podem conhecer, mas sobretudo aquilo que ainda está oculto. Deus nos ama assim, porque consegue enxergar o que a gente ainda não é, mas o que a gente ainda pode ser.

Pe. Fábio de Melo

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Sua Graça me basta, Luz da minha fé!!

Encerrando minhas atividades!!

Só quero agradecer,
 agradecer a Deus por tudo!!
“Ela olha, com seu olhar meigo, um sopro de vida no sorriso. Constitui em si a própria definição de felicidade. Viver é sua meta, assim como a rosa cresce sob a sombra e água. Sua face é irrigada pela sede do desejo, pela inquietude do silêncio e pelo ódio ao não-amor. Seus passos são irrigados por sonhos que nascem em céu azul e límpido. Tem intensidade em suas mãos e destreza em seus lábios. No fulgor do medo, a segurança da amizade verdadeira. Faz do riso, o filtro dos caminhos escuros. Dos dias, sua própria história vai sendo contada sempre com um final feliz.”

[Excerto sobre uma flor de lábios meigos; Matheus Dalecio]

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

"Não temas Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás a luz a um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á filho do Altíssimo, e o senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e seu reino não terá Fim."

Estando eles ali, completaram-se os dias dela
e deu a luz a seu filho primogênito,
e envolvendo-o em faixas,
reclinou-o num presépio.
"Quando o messias vier, o espírito do Senhor repousará sobre ele, porque o Senhor o consagrou pela unção; Ele virá para levar a boa nova aos pobres, curar os corações doloridos, proclamar a libertação dos escravos e pôr em liberdade os prisioneiros; proclamar um ano de graça da parte do Senhor, consolar todos os aflitos, dar o óleo da alegria em vez de vestidos de luto, cânticos de glória em lugar de desespero. Reconstruiremos as ruínas antigas, as cidades arruinadas e os escombros de muitas gerações. Virão estrangeiros apascentar o nosso gado, servir de lavradores e vinhateiros, seremos chamados de sacerdotes do Senhor, qualificados de ministros do nosso Deus. Já que tivemos parte dupla de vergonha, receberemos parte dupla de herança; nossa alegria será eterna. Porque o Senhor ama a equidade e detesta o roubo e a injustiça, vai nos dar fielmente a recompensa e estabelecer conosco uma aliança eterna. Seremos conhecidos entre as nações e também nossa geração: todos, quando nos ver, reconhecerão que somos a abençoada raça do Senhor."

HOJE EU SÓ QUERO AGRADECER!!

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

"Sereno vento vem trazer o que é incompleto, acaso aqui nos faz tão perto?" ____________________ T.M.

Todo coração é uma bússola.
Luara Quaresma
Já plantei tanta coisa. Plantei sementes em terra áridas para dias de pouca fartura. Plantei tardes bonitas numa janela que se abria para o sol entrar. Plantei conversa mole com voz dissonante em noites de extrema preguiça só pra não ter que raciocinar. Plantei lua nova no céu, para um relacionamento que se iniciava. Depois, plantei silêncio repleto de questões, quando a coisa esfriou. Plantei risos em dias completamente normais e insônia nas noites cheias de torturas e angústias. Penso que não resolveu, pois elas se repetiram. Plantei alegria sólida e pensei que duraria uma eternidade. Ela foi gasta em porções generosas e não sobrou nada para o dia seguinte. Plantei sorte para o acaso, liberdade para os entraves, solidariedade para os aflitos, claridade para as dúvidas, parágrafos para as explicações, roteiros para os caminhos tortos, conforto para os invernos, floração para a nudez da paisagem, fantasias para as adultices, risos para as lágrimas. Plantei sangue e suor para dispersar os problemas. Teimosos que são, eles continuaram. E fiquei plantada esperando a vida mudar. Amanheceu. Entardeceu. Anoiteceu. Inevitavelmente a vida mudou e não me avisou para onde foi. 


segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

"Pelo som das trombetas que ecoa nos quatro cantos do mundo! É o momento em que se confirma a "Anunciação " do anjo Gabriel à Maria..."

Querido Pai, bem sei que nesta época do ano a maioria das pessoas costuma reverenciar o Papai Noel e nele depositar suas expectativas. Porém, ao invés de escrever ao “velho de barbas brancas” pedindo um presente dentre todas aquelas opções que o comércio está exibindo nas vitrines, escrevo-te, no silêncio destas horas, contemplando o céu e vislumbrando a Grande Estrela de braços estendidos no horizonte noturno, talvez a mesma Estrela que um dia anunciou o nascimento de um menino, cuja missão seria marcante para os rumos da humanidade...Com a caneta entre os dedos, querido Pai, confesso-te que também eu, estou contagiada pelo espírito do Natal, e é ele que me move a escrever-te, porque o presente que gostaria de obter, não avistei nas propagandas e nem mesmo nos grandes centros comerciais. Peço-te humildemente que cheguem até nós, tempos de transcendência e de benevolência, onde os acontecimentos cotidianos revelem a tua verdadeira face. Peço-te a emanação de muita luz interior à humanidade, para que todos possam acreditar por dentro num Pai Maior, e não apenas acreditar por fora, com os olhos físicos, neste Papai Noel que decora as Lojas e circula na noite de Natal distribuindo os presentes que o dinheiro consegue comprar. Peço-te, Pai, que as pessoas consigam despojar-se desta exagerada valoração às coisas materiais, que tem causado tantas desigualdades e frustrações. Peço-te que rasgues as sombras provocadas pelas mazelas do mundo, com a força de tuas palavras. Que os lugares obscuros do espírito humano sejam ocupados por cintilações, e que estas luzes permaneçam para além das comemorações natalinas. Peço-te a extinção de alguns dogmas que colocam em risco a fraternidade e que estimulam a arrogância. Peço-te que nenhum sonho ou utopia sejam engolidos pela indiferença ou pela descrença. Peço-te que jamais se extinga da face da Terra, o sopro da poesia, e que ela também possa ser um instrumento de sintonia com o Sagrado. Encerro esta cartinha com a convicção de que, tão logo a humanidade alcance estes presentes, será unânime, universal, a possibilidade de um FELIZ NATAL!


Lúcia Barcelos

sábado, 6 de dezembro de 2014

Apague as luzes das cidades, que a lua está linda!!

Meu amor! meu amor! voltaste ainda
A povoar os meus sonhos! Que forte elo
É este afeto, este céu de altura infinda,
Que eu de rimas e lágrimas estrelo?!
Sonho. É aí onde estás: A tarde finda...
Perto — a angústia; distante — tudo é belo:
Muito ao longe — a ala serra muito linda;
Junto a nós — o sertão muito amarelo...
“Olha (disseste), é um símbolo terrível:
A nossos pés, com o seu tormento, os ermos;
E olha a serra: é a Ventura inacessível...”
E acordei, a sentir estas saudades...
Que fizemos aos céus, para sofrermos
Tão longa série de infelicidades?...


Humberto de Campos

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

"Quando se vê, já são seis horas! Quando se vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é Natal..." __________________________ Leticia correa

– sobre o amor?, o mundo?, a vida?
Não sabemos, e nunca
nunca o saberemos.
Dizem que uma árvore de Natal deve ser montada com histórias, lembranças, e a cada ano acrescentado algum item novo, porém sem abandonar os antigos! traduzem um simples e delicioso simbolismo comum a muitos lares mundo afora. O ato de montar uma simples árvore de Natal pode não significar muito, ou significar tudo... é só a gente se permitir... Aqui, cada foto tem um significado: o pinheiro representa nossos relacionamentos, que devem ser cuidados, zelados, polidos, dia a dia, sempre com alguma novidade, surpresa, porém sem perder cada pedacinho de nossas histórias! Cada bolinha, cada enfeite, representam nossos dias, inúmeros dias, num pisca-pisca constante de alegrias, frustrações, conquistas, dificuldades, tentativas. O segredo de tudo está na intensidade de transparência e brilho que desejamos para nossas vidas! Rafaela foi um presente/sonho em forma de realidade e que Deus me deu para eu ama-la eternamente. Já você é meu lindo poema  e meu maior presente de amor. Amar é acreditar no outro, dividir sonhos, receber, entregar, perdoar, compreender, aceitar. Amar é querer estar junto, e se separados, unidos pelo pensamento, e pelos mesmos desejos. Você é o meu presente que eu tanto pedi...Você é meu verdadeiro amor de Natal. Diante de minha árvore tenho a sensação de que algum sonho tão fascinante quanto esse ainda vai se realizar.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

"E o encanto é divino quando o instante silencia e a música dos ventos te orquestra em mim." ________________________ Dan Cezar

"Sinônimo de amor é amar..."

Zé Ramalho

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O meu azul é simples, menino. Tem olho de saber falar. Tem boca de entoar arrepio. Tem pele que delira. No meio do azul tem um punhado de vontade. Tem uma verdade que te pensa. Tem um pensamento amanhã. Tem um verbo dementado de amor. O meu azul te agradece. E faz uma prece bem bonita de aguar. E te celebra. O meu azul tem saudade quando te inicia. O meu azul te vicia em mim. Mais tarde o pássaro vai voar sonhos.

Dan Cezar

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

"Com saudade do meu amor, que se deixou derramar ao luar, quero enterrar os meus olhos nos olhos de Itapuã. Lá é um bom lugar pra morrer de chorar." ____________________ Fernando Coelho

"Céu azul é o telhado do mundo inteiro,
 Sonho é uma coisa que dorme dentro
 do meu travesseiro"

T.M.

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A saudade é um poente do amor. Um arrebol de todos os desejos. Uma vontade explícita de um arrepio. Um grito em silêncio. A saudade justifica o que foi. Diz por que é. Argui o instante. A saudade faz rir. E gargalhar. E saber o outro. A saudade chora. E contrai. E percebe. A saudade é o amor no vazio. Um jeito hábil de o sentido maior brincar de maestro. E ele é. O amor é verdade, bondade, realeza, majestade. E se veste de saudade pra festejar certezas. A saudade, quando amor, agradece. A saudade é Deus dizendo: segue e confia.

Dan Cezar


domingo, 30 de novembro de 2014

"(...) Posso explicar uma porção de coisas mas não posso explicar a mim mesma..." _____________________________ (Alice no País das Maravilhas)


Gostaria de não ter chorado tanto! 
— disse Alice.
Parece que vou ser castigada por isso agora,
 afogando-me nas minhas próprias lágrimas!

Lewis Carroll

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Bem, meu nome não é Alice, mas sei exatamente como ela se sentia. Estou urgente demais para o mundo só que ao contrário. As lembranças me perseguem e o tempo me mostra que há ainda muito pela frente, o problema é que eu sempre me atraso para tudo que possa me fazer feliz. Meus pensamentos não ficam na cama, e toda vez que acordo me sinto pequena demais para tudo que está do lado de fora das minhas cobertas. Tenho tantas cartas de baralho pelo caminho, no entanto não sei como jogar. Olho para trás e vejo um punhado de sonhos esperando para começar. É como se tudo estivesse de cabeça para baixo, o mundo gira e eu vou pelo sentido contrário. Tento encolher o coração para sentir pouquinho. Deixo meus braços entreabertos para não me sentir tão sozinha, o hoje pode ser cruel demais. Aprendi a falar em silêncio, e mesmo insegura todo sorriso sincero me faz ficar. Muito embora eu não entenda como minha vida possa ir sem mim, já percebi que mesmo não pertencendo a nada daqui eu posso fazer minhas próprias escolhas, então trato de acordar as minhas expectativas e vou atrás do que não me esperou. Às vezes eu sou um pouco Alice, mesmo sendo alérgica a gatos (incluindo os falantes que voam) e não tendo nenhum chapeleiro ruivo que possa me ensinar a dançar, entendi que o país das maravilhas é algo que está dentro, lá onde só quem acredita em si mesmo pode alcançar.

Luara Quaresma

sábado, 29 de novembro de 2014

"Vamos namorar escondido. Vamos nos amar em segredo. Vamos dizer “não” quando perguntarem e “sim” um para o outro. Vamos fingir sermos eu e você para o mundo e ainda seremos nós." ________________________ Querido John

"Porque só beijo quem amo.
 Só abraço quem gosto.
Só me dou por paixão.
 Eu só sei amar direito."

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~ Maria Bethânia.

BELA NOITE DE SÁBADO!!
...Eu acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente. Acredito em coisas sinceramente compartilhadas. Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma, no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo. Eu acredito em profundidades. E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos. São eles que me dão a dimensão do que sou.

M. de Queiroz



sexta-feira, 28 de novembro de 2014

"Eu fugi porque o amor assusta. Eu só não sabia que, quanto mais a gente foge, mais perto fica do nosso próprio precipício particular." _______________________ Karine Rosa

Bom final de semana!
Você quer um lugar na cama. Eu quero ter o seu sobrenome. Quero tirar a roupa da mente. Despir os conceitos, a nudez é uma purificação. Você pode facilmente reconhecer alguém que não desperdiça a vida nos estereótipos. Não tratem o amor como um conto da cripta, um romance de carnaval, uma decoração barata para um festa de 15 anos. Não é doce demais para os diabéticos emocionais. Não é exageradamente salgado para os que vivem escravos de uma maresia inconsciente. Não é equilíbrio, não é paz, não é conforto eterno, não é promessa de garantia. Quero razões sem a necessidade de argumentos. Manhãs ao invés de madrugadas. Brincar com o tempo, confundir os ponteiros. Vender abraços que todos possam pagar. Descobrir vícios entre beijos antigos que o amor faz soar tão novos. A etiqueta não importa quando eu já desabotoei os seus medos. O chão clama por suas roupas. As paredes, por suas mãos. O ventilador, por sua transpiração. As asas passam pela minha porta. O amor se rasteja em qualquer fresta, você só precisa deixa-lo espiar seus movimentos. Ela dança frenética sobre as páginas dos livros que não leu, mas o coração sabia memorizar a parte prática da coisa. A teoria foi assassinada pelo tato do seu amante favorito. Não era mágica, não era um truque treinado na frente de um espelho trincado, mas eu fiz parecer o trabalho de um mago profissional, um artista em dias inspirados. Ela queria uma obra de arte, eu ofereci um museu inteiro com exposições diárias em todos os horários. Os críticos me fotografaram lhe roubando confissões. Ela era parada obrigatória num trânsito sem placas. Ele queria a fama que não estava embaixo das luzes, o reconhecimento que não estava nas cifras, nem nas capas dos jornais, nem em tablóides sensacionalistas. Para compreender nosso mundo era obrigatório chegar cedo e aproveitar cada segundo da festa de nossas vidas. Ela sussurrava, ele fazia música. Você tinha um gosto inédito, tudo fazia parte de um sabor que não se repetia. Os goles não embriagavam, mas enchiam todos os copos que eu pudesse segurar. Os vizinhos diziam que a gente combinava, como um lançamento de qualquer estilista conceituada. Estávamos na moda. O tempo não passa para quem é afortunado nos detalhes. Obsessivo para ser inesquecível em cada pequena coisa. Ela não se contentava com um parágrafo, tampouco com linhas avulsas. Era um romance que deveria repousar sobre o seu travesseiro. Eu colocava as palavras na academia para que voltassem poderosas e invencíveis. Elas caberiam nas paredes do seu coração e nenhum inverno seria capaz de congelar tanta devoção. Ela tem aquele sorriso de quem traz boas notícias. O destino nunca seria capaz de ir contra uma fotografia sua.

Brunno Lopez

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

(...) Temos e somos vento quando é preciso, quando dá saudade, quando é tarde, e quando há vida.! ______________________ Érica de Paula

À margem de toda candura (...) ♫
(...) faz parte da gente sentir-se perdido dentro da gente mesmo. Sem nunca saber ao certo pra onde ir e, quando vai, não saber ao certo se está onde deve estar. E quando se está, não saber bem se fica ou se vai. Ou quando se vai, se deve mesmo ir ou voltar. Se o que nos falta está dentro ou fora ou se nos falta algo realmente. Se seremos para sempre esta incompletude, ou se a inteireza é um mero conceito para continuar caminhando. A vida é um constante não-saber. Que nos empurra e nos arrasta, que maltrata e abençoa. Que nos fere e que nos cura. Que acarinha e nos convida: para a próxima página; para o dobrar da esquina; para o sábado à noite; para o amanhã de manhã. A vida é ininterrupta descoberta, ainda que continuemos sem saber o que precisamos exatamente descobrir. Qual a chave correta que nos alivie, que nos declare se a ansiedade e as culpas que sentimos são de nascença ou fabricadas pelas coisas que nos repetiram ao longo da vida. Se a vida tem que ser isso mesmo. Pois é, a vida é um constante não-saber. Engrenagem sem prévio manual. Jogo de desconhecidas regras. Palco sem estabelecidas falas. Metades que buscamos preencher. O incômodo mais bonito que nossa alma poderia conceber. Que quando não nos leva e nos amansa, nos amorna, nos fazendo repetir os dias em 'stand-by', à espera de que o amanhã dê à nossa vida algum verdadeiro sentido. Ou nos arranhe e nos grite que não há nenhum sentido em esperar o amanhã para, então, sabermos...

Guilherme Antunes

terça-feira, 25 de novembro de 2014

"Ela acha que amor é uma doença, mas não é. Amor é cura!" _______________________

"As pessoas mais bonitas que conheço,
se vestem de si mesmas"

D.A.
Pensando bem, as dores da alma são as dores mais doloridas: há uma que machuca, porque machucada, inconsciente maltrata a outra, dolorida, inibida por aquela, solitária, despercebida; há outra que, escolhida pelos dias úteis da semana para ser esquecida, se alegra com as carícias de amor. Mas, em contrapartida, é jogada num canto nos finais de semana, feriados e dias santos. Das tantas dores que a alma sente, não há uma que ela goste de ter, porque mesmo sofrida há muito e sozinha na vida, tem um jeitinho particular de ser – ela só quer ser e ter um (e)terno bem-querer!

Rosana Horta

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Ele pode ouvir as suas músicas, procurar a sua voz em outras vozes. Quem nos faz falta acerta o coração como um vento súbito que entra pela janela aberta. Não há escape! ________________________ (D.A.)


A verdade é que morar dentro de alguém 
é atravessar o paraíso todos os dias.

Bibiana Benites


....
.
A intuição compromete minha arritmia, minha dúvida esperançosa, minha insônia. Conclui-me para algo, em algo ou alguém. Ouvir-lhe traz um arrependimento remoçado. Uma preguiça quase corajosa. Intuição nunca me privou de nada. Aceitá-la encheu o coração de respostas. Toda queda guarda uma certeza que respeito e não dispenso: ela não erra. Eu — que renasço das perguntas — sim, o tempo todo. Toda queda é uma intuição que ganhou carne, história e recomeço. A intuição me ensina a intenção do erro, mas, não me livra dele. Intuição descobre desvios, mas, não explana os caminhos. Tudo que fui e doí, aprendi no durante e no fim, nunca antes.

Priscila Rôde

domingo, 23 de novembro de 2014

"Que seja a saudade uma duna de sons e aromas imponderáveis. Ventos intangíveis a deslocam para o meu peito." ________________________ Fernando Coelho

Engolir palavras, sentimentos,
 vontades: eis o mal do século.

Bibiana Benites
As cortinas azuis do amor, hoje, nem mais balançam. Se fecham e pedem, imploram, para serem abertas pelo vento que hoje namora o sol. Dizemos amar a chuva, mas quando chove, tempestivas ou não, abrimos o guarda-chuva ou nos acolhemos em cobertas sem fim. Dizemos amar o sol, mas quando ele se mostra, procuramos o canto, o vento, o alívio. Dizemos amar o vento e suas solturas, mas, quando ele nos assovia, fugimos, fechamos as janelas e os ouvidos. Logo, tenho medo quando as pessoas dizem que sabem amar. Será que amaremos? Será que seremos amados? Esperaremos um sorriso espraiado que combine com o nosso, ou criaremos sorrisos novos que se encaixem com os que já existem? A verdade é que o sorriso do palhaço nem sempre diz que ele tem a alma feliz, mas, que a busca na felicidade dos outros. Felicidade essa proporcionada por segundos de descuido e distrações, que involuntariamente, cooperam com a nossa ânsia de amar. O amor-perfeito cai na alma-casa de quem se lembra de abrir a janela e deixar o sussurro do sol entrar após a chuva. E, quando o sol pedir o seu tempo, que consigamos respeitar e contemplar a chuva que também quer um pouco da nossa atenção. Não nos preparemos para a chuva, pois, assim perdermos as frestas de sol, nem ansiemos o passar da chuva, pois assim perderemos o perfume de terra molhada. As esperanças fazem misérias com a nossa vontade de amar, então, que deixemos a vida levar, pois sabemos que tudo sempre passa, difícil é saber o que sobra.



Frederico Elboni

sábado, 22 de novembro de 2014

"O amor mudo, ainda, grita e eu, que não tenho talento nenhum para o silêncio, faço serenatas, apenas, com o bilhar dos olhos." ________________________ Hugo Rodrigues


Só quero dormir “luar” e acordar puro raio de sol!"


Simone Resende
......
..
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(...) Mato o amor em todas noites que não durmo, mas sonho com olhos vermelhos e arregalados. Amor é primo da insônia; Co-irmão do desespero alegre. Parente próximo da loucura. Pai da felicidade. Filho da cumplicidade. Fugi de tais amores por não saber de fato o que queria. Enganei-me muitas vezes ao dizer que não sentia mais amores por outrem e me calava à força só para não me declarar com palavras bonitas. Estupidez, eu sei.

Hugo Rodrigues

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Prendam o amor, esse eterno dilacerador de corações... _______________ Ju Fuzetto.

...o tempo traz cura!

Cah Morand
"Eu bem queria entender a física quântica. Entretanto, querido, tudo que digo é quase invenção. Adoro acreditar que vejo mais do que as três dimensões ditas possíveis. Na quarta há o sonho, na quinta o acaso, na sexta o déjà-vu, na sétima o cinema. Oitava é o delírio e, na nona, sinto que é o amor que tudo dimensiona."

(Fernanda Young)

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

"As estrelas são os olhos de quem morreu de amor" _______________________ Mia Couto


Você mentirá várias vezes 
que nunca o amará de novo,
E sempre amará, absolutamente 
porque não tem nenhum 
controle sobre o amor.

F.Carpinejar
Quando vem a noite
e é tanta a saudade sua
mesmo o céu encoberto
vejo a estrela e a lua
quando a noite chega
e tão deserta fica a rua
caminho pela sua janela
levando estrela e lua
quando amanhece o dia
e a solidão é tão nua
fecho os olhos de saudade
e vejo você, a estrela e a lua.



Rangel Alves da Costa

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

"Mas quando as horas já são incertas, a noite acalma os corações frustrados. A perdição da alma e o desespero dos sonhos inquieta a mais sutil gota de suor que esfria a pele. A multidão é você mesmo e toda melancolia carece de calor." ___________________________ [Excerto sobre a neblina que ofusca a mente; Matheus Dalecio]

"Tão doce, tão cedo, tão já. 
Tudo de novo vira começo..."

Leminsk
Eu tenho uma bússola desordenada dentro do peito, que me guia e me faz ir além do infinito da palavra, para descobrir territórios ainda não explorados pelos seus inúmeros significados. Falo das minhas inquietações, porque delas, eu mesma sei. Falo de culpas e desculpas, sem culpa; e não preciso que me culpem ou me condenem por nada: eu trago a culpa em mim, ainda que ela não me reconheça como sua. Cultivo estranhezas e [pre]ocupações tão inúteis quanto nadar contra a minha própria correnteza emocional – o conflito é certo e o esforço desgastante. Mas, confesso que estou aprendendo a ser fluida; a não entortar um músculo sequer, medindo forças com os pesos que adornam a minha própria personalidade. É melhor saber de si, em silêncio, quando ninguém mais sabe. É melhor reconhecer seus avessos e dominar-se, antes que uma pessoa qualquer, assuma o comando e faça. Eu também cultivo pedras. Outro hábito estranho adquirido logo nos primeiros tropeços. Tropeçando eu descobri que a vida é uma enorme pedra que, por intuição, lapidamos todos os dias até transformá-la em arte. E por fruição, somos convencidos por ela, a experimentar doces sensações que insinuam aquilo que talvez seja a tal da felicidade. É preciso dizer que, às vezes, eu discordo da vida? A ideia é simples: felicidade não habita pedras e não se mistura às inflexibilidades – tudo que é rígido e inflexível demais não se predispõe às levezas. A felicidade é leve feito pluma; suave feito brisa. Mas, talvez isso seja só um parâmetro, que usamos inadvertidamente para mensurar e dignificar as nossas alegrias. Ou, talvez, seja só uma sensação que mora em instantes de entusiasmo, e só não passa despercebida, porque estamos sempre tentando segurar esses instantes, movidos pela crença quase inabalável de que, assim, seremos capazes de reter cada segundo da felicidade. Se a vida é pedra, a felicidade é líquida. E escorre entre os dedos, logo na primeira tentativa. Pois é… além de cultivar pedras, eu falo de discordâncias. E quase sempre discordo de verdades incontestáveis, ainda que por razões extemporâneas, eu possa concordar depois. A concordância imediata tem a ver com essa coisa de aprender a ser fluida. E a discordância é porque, algumas vezes, eu também sou pedra: dura, rígida e inflexível, assim como a vida. Eu falo de tudo. Falo das coisas que sobram, que viram excesso em mim. Das que me norteiam e me desnorteiam, por algum motivo. Falo dos elementos que compõem a vida, e me deixam comprometida com o tempo. Eu falo do tempo, também. O tempo que dribla a sua própria inexorabilidade, quando releva e refaz. Eu falo das coisas que continuam, enquanto eu, pequena demais para a imensidão do mundo, paraliso. Ou grande demais para caber em um único sentimento, transbordo. Eu falo por hábito, ainda que não tenha nada de tão significativo assim para dizer. E escrevo por insistência, porque não aprendi calar o verbo; dobrar sentimentos; [a]guardar sonhos. Evito pesos, além do meu próprio peso. E quando peso demais e me afogo nos meus medos, eu me desafogo é no riso. Sim, eu sou feita de inquietações. Sou um ponto de interrogação bem no meio da dúvida. E se voo por aí, incerta, é por que preciso das certezas para poder pousar e ficar.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

"E, aquele que não morou nunca em seus próprios abismos nem andou em promiscuidade com os seus fantasmas, não foi marcado. Não será exposto às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema." _______________________ Manoel de Barros


" Quantas vezes é possível
 amar-te pela primeira vez?"


(Pedro Chagas Freitas)
Curioso, esse ser, humano, e sua diária e pequena solidão. Solidão preenchida por insanos momentos de reclusão. Ou serão momentos sãos? Um momento para chamar de seu. Nele repousam inquietações. Ou seriam, reflexões? Oque foi feito daquele sonho. Oque será daquele anseio. Onde foi parar meu coração. Naquela canção? Como era mesmo o refrão? Tudo um dia será esquecido? Virei solidão? Desilusão? Estarei eu na contramão? Quem abrirá mão do desejo quando tanto bem se quis? Foi por um triz que não fiz oque sempre quis. Quis com esse, quis com ze, quis pouco ou pouco te quis? Nada faz sentido quando se está só. Quando sorrateiro arrasta-se o silêncio pelas paredes, e soleiras, desconsiderando as eiras e as beiras e enxergar minha derradeira condição? Continuo aqui, e cada um vai por aí. Entre seus livros, seus discos, seus programas de televisão, sem saber que aquele rosto ainda traz lindas recordações.

Be Lins

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

"Não sei se viro menina, se viro mãe, se viro todas. Se viro artista, se viro vento ou viajante (...)" bom eu me viro. ________________________ Yohana Sanfer


"Pra onde vai e de onde vem tudo 
aquilo que nos importa, 
esse tudo que é grande e traduzido 
pelas palavras que não cabendo no peito, 
transbordam corpo, alma e nossas certezas?
 Minha suspeita: da boca pra dentro."



Yohana Sanfer
"Me encontrei com a criança que eu fui essa semana e perguntei se ela gostaria de estar aqui no mundo em que estou. A resposta foi certeira e negativa. Disse que não porque lamenta o descaso, o desrespeito, a violência e o medo do tempo presente. Prefere morar em cheiros, imagens, sentimentos e memórias. Disse que ficará onde está, resguardada na lembrança e no sonho de um tempo bom até que suas esperanças e direitos parem de ser tratados como brincadeira...de criança."

Yohana Sanfer



















terça-feira, 11 de novembro de 2014

“É tudo meio contraditório. Às vezes a paz se encontra no meio de um quarto bagunçado.” ___________________________ João Pedro Bueno, Sabedorias.

Eu gostava quando o amor era
desobrigado das regras,
 das canções de botequim e
porres fenomenais,
ausente de definições psicológicas,
 livre de combinações astrológicas.
Eu gostava quando amor era um ato.
Apenas um ato. 


Ita Portugal
Eu bossa nova. Ele Rock and roll. Eu noite. Ele dia. Eu estrela. Ele luar. Eu samba. Ele canção. Eu brisa. Ele vento. Eu história. Ele memória. Eu inverno. Ele verão.  Eu palavra. Ele silêncio. Eu pergunta. Ele, questão. Eu correnteza. Ele maresia. Eu areia. Ele rocha.  Eu sonho. Ele realização. Eu branco esvoaçante ou pretinho básico, cabelo molhado ou levemente preso, pouco batom, bolsa pesada e andar apressado. Ele, chinelão, short folgado e violão. Eu, espelho, impaciência, reclamações, entusiasmos, atrapalhadas, arrependimentos, indecisões. Ele, broncas, certezas, sílabas, resmungos, distração, energia, perdão. Eu amor, ele também.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

"Entra pra ver como você deixou o lugar, e o tempo que levou pra arrumar aquela gaveta." _______________ Cícero

“(…) E, aquele 
Que não morou nunca em seus próprios abismos
Não se esqueça por enquanto de esquecer alguma coisa pela casa, e vir buscar do nada. Cícero
Nem andou em promiscuidade com os seus fantasmas
Não foi marcado. Não será exposto
Às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema.”


(Manoel de Barros)

"Que coincidência é o amor, a nossa música nunca mais tocou." ________________ |Cazuza|

"roubei corações
que não me couberam no peito."

Guilherme Antunes
Cumpre ao que ama depositar seus inteiros nos braços da amada, confiando possibilidades aos hábeis tecelões em que nomeamos destino. Cabem aos que amam despedir medos de semente em não se saber um dia raiz. Solicita o amor as interiores habilidades de despertencimento e desapegos. Pede o bem-querer a prontidão de luz que em nós se distraiu; porque somos os inevitáveis servos dos encantamentos que traz a vida, quando nos atravessa com nomes e os cheiros do outro. Curvando espírito em gratidão, bebemos todos das bençãos no rio do tempo. Devedores dos frutos que colhemos, o amor é o real credor dos nossos perfumes.

Guilherme Antunes

sábado, 8 de novembro de 2014

Sentir. É um verbo que me define bem. Conjugado em primeira pessoa em todos os tempos, o tempo todo. ___________________________ Lis Fernandes

'Sendo inteiro,
 pode alguém viver pela metade?'

POUPÉE AMÉLIE
É seu moço, ela é um pouco complicada (de mais), eu sei. E talvez você não consiga acompanhar esse turbilhão de palavras e pensamentos e sentimentos, de tudo ao mesmo tempo. Acho que você não consegue entender porque ela não é entendível, mesmo. Ela é feita de muitos exageros. E exigências intermináveis de atenção e de carinho: '-Mais cinco minutinhos, e uma vida inteira pela frente'. Eu sei, seu moço, que você não entende, mas é que ela é desse jeito mesmo. E ela fica insuportável quando sente saudade. Você já sabe. E ela faz drama, faz charme, faz raiva. É que na verdade ela só precisa de espaço pra tudo o que ela sente, é que ela sente muito. E transborda amor por todos os lados.

Monalisa Macedo

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Hoje, vou rogar a saudade que dê uma trégua para o meu coração. E só por hoje, enquanto contemplo a chuva, vou descaradamente fazer de conta que tua ausência não machuca. Só por hoje... _________________________ Romara Magalhães.

Um remorso.
 Eu o perdi para a saudade.

Fernando Coelho
Ouço a chuva bater na casa de esguia cumeeira. De minha cama, vejo pela cortina entreaberta, as gotículas formarem desenhos no vidro um pouço embaçado da janela... deixo o livro silenciosamente repousado sob os travesseiros, levanto-me e vou até o parapeito. Fico olhando a chuva lavar o jardim. Enquanto escuto os trovões, meu coração transborda você, num gesto quase adolescente escrevo seu nome no vidro baço da janela como quem desenha uma réplica de Portinari. Sorrio. Com alguns passos percorro a distância de volta até a cama, meto-me embaixo dos lençóis, fecho os olhos, solto um suspiro rouco e me entrego ao mundo dos sonhos... nele ainda somos inteiros, ainda somos nós, ainda nos pertencemos. Adoro chuva e essa certa melâncolia que nos aproxima de cálidas lembranças.


Romara Magalhães.

domingo, 2 de novembro de 2014

"... se faltar uma companhia, que o vento possa ser o nosso abraço". _________________________ (Desapego do Destino ) Poeta da Colina

...Não haverá tristeza, deixa ser, 
deixa o vento soprar ...
'somos poeira, mas poeira enamorada'

| José C. Monteiro |
Ninguém me foi tão próximo. Ninguém me escapou tanto. 
Como foi que constantemente nos encontramos e nos perdemos?
Faltas-me. 
Se aqui estivesses isto não seriam palavras.

Manuel Alegre e Hélder Moura Pereira

sábado, 1 de novembro de 2014

"(...) novembro, a ventania da primavera levando para longe os últimos maus espíritos do inverno." _______________________ Caio F Abreu

.''Bom, feliz talvez ainda não.
 Mas tenho assim.. aquela coisa.. 
como era mesmo o nome? Aquela coisa antiga,
 que fazia a gente esperar que tudo
 desse certo, sabe qual?
- Esperança? 
Não me diga que você está com esperança!?
- Estou, estou.''




(Caio Fernando Abreu)
“Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, bem assim, que seja doce.. repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante. Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. Tudo é tão vago como se fosse nada.” .




Caio Fernando Abreu