sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Aquilo que nos fere é aquilo que nos cura. A vida tem sido um pouco dura comigo, mas ao mesmo tempo tem me ensinado muita coisa. - _______________________ Caio F. Abreu

Conviver com a falta faz parte do ser humano; perceber-se sozinho, também. Crescer é aprender a conviver com os pedaços que permanecem sem encaixe, com o buraco que todos possuímos, com a escassez de peças que formam esse quebra cabeça incompleto que é a vida. Quando entendemos que esse quebra cabeça é sim um quadro imperfeito_ pra qualquer um_ de peças desajustadas e faltantes, de cantos obtusos e bordas incompletas, que poucas vezes refletirá algo que faça sentido, enfim desistimos de desejar o impossível e aprendemos a encontrar as respostas no que é verdadeiro, real e palpável. Neste fim de semana, passando uns dias na casa com a família, mergulhei no universo de “A menina quebrada”, livro de Eliane Brum. Nele, a jornalista se aproxima muito de nós, seus leitores, ao abordar a vida com sensibilidade e desassossego, o desassossego dos inquietos, ou daqueles que não se acomodam diante do óbvio, mas procuram desmontá-lo para enfim remontá-lo com certeza e verdade. Me fisgou no momento certo. Entre tantas crônicas, duas me fizeram refletir sobre a falta a que nos habita e aquela que percebemos nos que amamos. No texto “É possível obrigar um pai a ser pai?”, ela abre a discussão a partir do caso Luciane Nunes Oliveira Souza, indenizada na justiça pelo pai que, segundo a vítima, abandonou-a afetivamente. Lá pelas tantas, Eliane Brum nos desacomoda _ a todos nós, abandonados ou não _ ao nos confrontar com o apego que temos ao que nos falta. E no caso de Luciane, conclui: “Dificilmente Luciane conseguirá seguir adiante, paralisada como parece estar no mesmo lugar simbólico. (…) Tornar-se adulto, porém, é descobrir que o baralho nunca estará completo, que nem mesmo existe um baralho completo. Temos de jogar com as cartas que temos. E tentar recuperar cartas que jamais existiram, como se elas estivessem apenas perdidas, não nos ajuda a viver melhor. Apenas nos congela num lugar infantil”.Outro texto, “A dor dos filhos”, fala da dificuldade que temos em lidar com os abismos de nossos filhos, abismos que nos remetem aos nossos próprios precipícios e falta de sentido. É ela quem nos fala: ” Não protegemos nossos filhos desse vazio, não há como protegê-los daquilo que é uma ausência que nos completa. Penso que este é o momento crucial da maternidade e da paternidade. Cada um de nós, que se sabe faltante, diante da falta que grita no filho”.E conclui lindamente: “É preciso aguentar. Saber aguentar e escutar a dor de um filho, sem tentar calar com coisas o que não pode ser calado com coisa alguma, é um profundo ato de amor”.Imaginar a própria vida como um quebra cabeça em que as peças faltantes limitam ou impedem o significado de todas as outras é submeter a existência àquilo que está fora dela; é reduzir a felicidade ao complemento de outros encaixes, quase nunca viáveis ou possíveis. Viver esperando que algo ou alguém venha nos completar e milagrosamente sanar os vazios que nos preenchem é autorizar que a falta seja aquilo que nos define mais. Estacionar diante de um quebra cabeça com fragmentos ausentes e insistir que precisa do quadro pronto pra ser feliz é desconstruir a possibilidade de seguir adiante. De vez em quando um “Deixa pra lá” faz milagres e nos liberta a prosseguir tentando um arranjo novo, nem sempre perfeito, mas invariavelmente possível. Retornando da viagem, entramos em casa e, cheios de malas, queijos e ovos trazidos do interior, tropeçamos e desviamos das peças de lego de meu menino que ficaram por guardar e foram esquecidas espalhadas pelo chão da sala de estar. Terminadas as arrumações, sentamos para recolher as pecinhas e entre separar e brincar, tentamos uma ou outra combinação para criar um novo carrinho, casa, ou avião. E, enquanto ainda conseguimos prosseguir sem seguir o manual _ que exige as peças certas _ inventamos mundos e histórias com as peças que unidas se transformam e se reinventam. Se_ ao invés do quebra cabeça_ desejarmos prosseguir como peças de lego, uma infinidade de possibilidades se descortina. Pois mesmo que faltem alguns pedaços, é possível continuar tentando e encontrando novas combinações, roteiros e direções. Um carro pode se transformar num prédio, navio ou caminhão. E é essa capacidade de se construir e desconstruir, de se desmanchar e se recriar de uma forma completamente diferente que faz do Lego_ e de nossas vidas_ o melhor brinquedo que existe.


“A Soma de Todos os Afetos”, de Fabíola Simões, 

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Pertencia àquela espécie de gente que mergulha nas coisas às vezes sem saber por quê, não sei se na esperança de decifrá-las ou se apenas pelo prazer de mergulhar… _______________________ Caio Fernando Abreu

Retorno as impressões primeiras do amor. Ao estado natural das coisas, do conhecimento intuitivo. Memórias amorosas nos seus registros iniciais, lá onde a razão não guia, onde o corpo é poesia e o sentimento soberano. A marca dos anos em que ainda não erigimos nossa lista de critérios defensivos e excludentes para amar o outro, diferente. Retorno naquele ponto exato onde o amor não era pensamento, nem se desdobrava em discurso. No instante primeiro em que lógica nenhuma era capaz de romper laços, afastar os distraídos ou convencer que o amor pode ficar para depois. Quero voltar por um momento naquele tempo em que o que guiava nossas escolhas amorosas tinha a leveza da incompreensão e a força do desejo que sempre sabe o caminho. Perder a visão e reencontrar a cegueira dos jovens demais, dos alucinados de amor inconsequente, da intensidade dos imaturos a ingenuidade dos românticos desavergonhados. Dos loucos de toda ordem que fazem do amor seu valor maior. Retorno agora num mergulho aos amores primeiros para reencontrar o que perdi. No ponto afinal que a maturidade começou a nos roubar a capacidade de amar. Do amor sem medos, ambições, desconfiança, jogos ou condições. Repasso o passo para resgatar o que nasci sabendo, do amor e seus encantos, o que faz dos encontros algo raro. Do brilho no olhar que nos enche de sentido. Volto para resgatar dos anos o que a maturidade me roubou. Do amor quero a grandeza da imaturidade.


✫ Andréa Beheregaray.

"Não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado pelos actos, não pelas palavras. Ela me perfumava e me iluminava... Não devia jamais ter fugido. Deveria ter-lhe adivinhado a ternura sob os seus pobres ardis. São tão contraditórias as flores! Mas eu era jovem demais para saber amar " _________________________________ Antoine de Saint-Exupéry Do livro "O Pequeno Príncipe"

Tudo passa? Talvez não. Talvez esta seja uma visão inflexível demais sobre a transitoriedade da vida. Um amor não se faz eterno pelas lembranças? As mais duras mágoas não se transformam em sabedorias? Quantas paixões não mudam e ainda assim permanecem inteiras, no mais perfeito companheirismo? Essa efemeridade total parece dura demais, até mesmo para o meu típico realismo. Desumana demais. Eu prefiro acreditar em alguns eternos. Alguns, somente. Porque ainda assim algo é certo. Nem tudo fica. Não importa o quanto nos fazemos presentes. Não importa o quanto nos apegamos até mesmo à dor. Algumas coisas simplesmente não permanecem. Mágoas ou alegrias. Os desejos de dividir uma vida ou as óbvias ausências disfarçadas de liberdade. Então, eu tenho me permitido ser mais flexível. Não apenas para a ideia de que certas coisas não passam. Mas também para enxergar tudo o que não fica. 

Matheus Jacob

domingo, 22 de outubro de 2017

Das escolhas que fazemos na vida, algumas fáceis outras mais complexas, talvez a mais desafiadora de todas seja a escolha do coração. _ ______________________ Tatiana Nicz

A vida é feita de escolhas. 
Quando você dá um passo à frente 
inevitavelmente alguma 
                          coisa fica para trás.                               
 ( Caio   Fernando Abreu)
É isso, paixão vem com pé na porta, vem quando a gente não espera. Não avisa mesmo, acontece no meio de uma balada ou na fila do mercado, paixão é sempre urgente, não espera, não liga se você quer ou não, ela simplesmente se instala em você. O amor não… Ah, o amor! O amor a gente escolhe mesmo, a gente escolhe amar quando ouve com atenção as histórias do outro. A gente escolhe amar quando passa pela comida que o outro gosta no mercado e resolve levar. A gente escolhe amar quando troca uma balada pra fazer companhia pro outro que pegou um resfriado, a gente escolhe amar quando escolhe cuidar. A gente escolhe amar quando manda uma mensagem de bom dia e uma de boa noite, quando o sexo é tão bom quanto ficar aninhado no peito do outro. A gente decide amar quando quer dividir as músicas preferidas, quando quer rever os filmes preferidos ao lado do outro, quando quer ver os filmes que a pessoa mais gosta. A gente decide amar quando leva pra conhecer os amigos, quando escancara as portas da casa e da vida pro outro entrar e bagunçar como quiser. A gente escolhe amar quando não quer mais ter razão por pura vaidade porque ser feliz e fazer feliz é mais importante. A gente escolhe amar quando não quer dormir sozinho, quando troca a cama espaçosa pelo pé no pé, quando prefere dividir o lençol e acordar olhando pro outro. A gente decide amar quando vai conhecer o pai, a mãe, a irmã, os tios… quando a família do outro passa a fazer parte dos seus dias. A gente escolhe amar quando descobre defeitos e ainda assim não sai do lado, quando programa a mente pra valorizar o que o outro tem de bom. Escolhe amar quem não liga de pegar o trânsito do fim da tarde só pra uma janta improvisada em casa. Escolhe amar quem não dorme sem resolver o problema, escolhe amar quem se alegra com o sorriso do outro, quem comemora o sucesso do outro. Escolhe amar quem deixa pra trás algumas certezas e se abre pro novo. constrói aos poucos, todos os dias. Amor é quando duas pessoas escolhem andar lado a lado não por precisarem uma da outra, mas simplesmente porque preferem a vida compartilhada. Amor é cumplicidade, quem ama tem riso frouxo, não se sente só, se diverte até no mercado. Quem ama, escolheu amar e escolheu todos os dias. Amar é decidir diariamente. Paixão vai embora da mesma forma que veio, sem avisar, sem nosso controle… o amor vai embora quando a gente escolhe que ele vá, quando a gente vai abrindo mão aos pouquinhos. E ah! Amor é via de mão dupla. É de propósito, mas só acontece quando a gente dá a sorte de encontrar alguém fazendo as mesmas escolhas que a gente.




Fabrício Carpinejar


quinta-feira, 19 de outubro de 2017

"A montanha é mais silenciosa quando o pássaro canta." ____________________ Monja Coen

A montanha é mais silenciosa quando o pássaro canta. A montanha é tão alta quão profundo seja o vale. A montanha pertence a quem ama a montanha. No começo a montanha era apenas uma montanha. Adentra-se. Há tantos detalhes, tanta diversidade, tantas vidas numa vida. Rios e montanhas atravessei. Mares e pantanais. Vi povos felizes e ricos. Vi povos felizes e pobres. Vi povos tristes. Vi estrelas e cometas. Passeei pelas margens ensolaradas nas primaveras japonesas sob árvores cobertas de flores rosa cálido. Onde houve bombas. Onde houve mortes. Cemitérios de soldados. Pequenas imagens de ferro de menos de um metro de altura sobre túmulos de pedra. E vi senhoras de kimonos ao lado de jovens de saias curtas e meias brancas, grossas, enroladas nas pernas. Vi mães chorando a morte de seus/suas filhas. Vi pais chorando a morte de suas/seus filhos. Vi avós chorando. Vi jovens chorando. Enterros, cremações, preces, orações. Montanhas de sentimentos. Montanhas de pensamentos. Montanhas de emoções. Passei de largo por pobres famintos de migalhas não dadas. Passei pensando em tirar meu agasalho e dar à senhora abraçada a uma criança num canto do Conjunto Nacional. Pensei e não dei. Havia a intenção sem a ação. Passei por campos de concentração sem me concentrar. Hoje me concentro nos centros urbanos das grandes cidades. Concentro o centro de meu próprio centro na grande intimidade de ser quem sou. E não sei quem sou. Pois a mutação continua em um continuum ad infinitum. Silêncio. A montanha é mais silenciosa quando o pássaro canta. Minha primeira caligrafia japonesa. Aprender todos os traços numa só frase. No outono a montanha ficava dourada, vermelha, marrom. No inverno ia sendo pintada de branco, branco, branco. E assim ficava toda branca com o céu, o riacho e as casas. Assim ficávamos nós monjas e monges cobertos de neve, dedos feridos, sangrando do frio queimados, sorrindo comendo bolinhos de arroz assados e chá verde bem quente. Depois a montanha floria, sorria, desabrochava primeiro em pétalas brancas nos troncos escuros das ameixeiras. Ume wa kanko ete senko o hasu – a ameixeira suporta o frio intenso e desabrocha em fragrância. Símbolo da transmissão. Yogo Suigan Roshi, Zengetsu Suigan Daiosho, arigatõ. Muito obrigada. Mal entendia porque me colocava em frente de tantos jovens monges japoneses. Tanto a aprender. Quando somos jovens achamos que sabemos tudo e precisamos ensinar aos mais velhos. Quando passamos a juventude percebemos que sabemos pouco e temos tanto a aprender.

O tempo urge. O tempo somos nós. E passamos com o tempo que nos passa correndo um da maratona. Alegria da conquista. Dura quantos instantes perenes? Dura a eternidade. E a eternidade é finita. Finita dos sabores doces e amargos. Nada a segurar, nada a se apegar. O galho da árvore quebrou Despencando pelo abismo Vou deixando um rastro de sangue e de surpresa Seria medo essa incerteza? De repente o silêncio. A montanha é silenciosa. Sempre gostei de andar sozinha pelas montanhas. Mas nunca estava só. Era a montanha que me mostrava suas sendas, tendas, caminhos, vertigens, pássaros, árvores, armadilhas, declives. Nas montanhas somos muitos. Somos nuvens e riachos Somos presentes e passados Futuros cambaleantes Ricos/pobres caminhantes Cajados para medir profundidades Afastar calamidades Apoiar-se nas idades.

Ah! Montanhas que eram montes, vales. Vales são tão profundos quão altas sejam as montanhas. Estamos todos nestas interrelações, interfusões, interdependências. Nada é por si só. Tudo em perfeita harmonia. Mesmo a desarmonia. Reorganiza. Rearruma. Incessante vir a ser. Amar a montanha é cuidar da montanha. Cuidar para que seja uma montanha forte e saudável. Para que não a bombardeiam a fim de tirar seus minerais. Para que não a dilacerem com as contaminações mortais. Para que a respeitem, venerem. Para que a ela se entreguem, pois ela dá apoio, dá conforto, dá colo.

Montanha mãe da vida. Ascendendo. Subindo. No pico, entre nuvens e águias, o vento é mais frio, o sol mais intenso, a lua mais próxima, as estrelas brilhantes e os cometas mais rápidos que as cachoeiras incessantes. E se elas cessarem? Se as cachoeiras deixarem de derrubar água branca, água marrom, águas puras e águas polutas? Se não houver mais água, porque há tantos tubos, tantos canos, tantos edifícios com tantos subsolos, que os canais freáticos fiquem freados?

Cuidar da montanha é amar a montanha. Amar de querer bem. Amar de ficar pertinho. De colocar anel, de fazer beicinho. Amar de fazer carinho, mesmo de longe, em pensamento. Amar de sorrir por dentro. A montanha pertence a quem ama a montanha. Lá em cima é alto. Mas cada topo tem um outro topo que o faz pequeno. Templo bonsai. Parece que foi amarrado, ficou encolhidinho. Templo da intimidade, todos bem pertinho. E é nesse templo sagrado, onde corri minha infância, pés descalços, que hoje de pés descalços descanso meu cajado, meu rebanho, meus filhos e filhas, meus netos e netas, minhas amizades, minhas ternuras, minhas procuras e meus amados mestres, minhas amadas mestras. Tapeçaria infinita desta-sua-nossa vida. Inter roscados, como as veias e as carnes, como as vinhas e as uvas, intersendo, intermisturadas as infinitas cores dos universos multiversos os nossos versos. E bem do alto percebo que aqui é apenas o começo. Shinsan Shiki Cerimônia de Ascender a Montanha Que possam todos ascender e ascender a chama da luz infinita da transmissão correta da verdade perfeita preservada no olhar que guarda, protege, acolhe o tesouro, a jóia da não dualidade.


A montanha é apenas uma montanha.





– Monja Coen, em “site oficial Monja Coen Sensei“.

Antes do ano terminar, tem alguma coisa pra dizer?



Eu tenho. Eu fico pensando o que seria se tivéssemos nos encontrado na solidão. O que poderíamos ser, o que teríamos sido. Imagino nossos diálogos noite adentro, a companhia quente em uma madrugada fria, o criado-mudo cheio de livros, o abajur cansado de tanto trabalhar e seu peito descoberto fazendo papel de travesseiro para o meu descanso. eu consigo imaginar as conversas, você me dizendo sua opinião sobre o último filme e discussões gostosas sobre o último livro do llosa, nossas leituras contrárias criando uma nova maneira de entender o que interpretamos, uma felicidade completa por descobrir o que juntos nos tornamos. Eu imagino nosso casamento, eu entrando de vestido branco simples e você me esperando no altar, seu rosto surpreso ao me ver subir no palco pra cantar composição feita pra você, meu coração saltar ao ver que você preparou o mesmo em melodia diferente. Eu vejo nossa casa, branca, clara e florida, tendo em cada canto a felicidade detalhada, um cômodo de marfim para os nossos livros chamarem de morada, um porta-retrato nosso no hall de entrada. Eu me vejo em você. me enxergo em seus sigilos, me encontro naquilo que você não diz, me enxergo em seus discursos apaixonados de olhos tão claros imensidões de mim. e não entendo porque tanta ironia da vida te estar tão longe, me esfregando sua presença assim tão de perto, não entendo obra de quem foi tornar errado o que era pra ser certo, não entendo a razão de te encontrar com o peito fechado logo quando o meu resolve ser aberto. e sinto raiva dos casais opostos que atravessam as ruas, daqueles que não se completam mas vivem a vida de alegria nua, enquanto nós que nascemos tão siameses, almas tão exatas em um mundo perdido, precisamos nos contentar com "bons dias e boas tardes" e sorrisos simplistas de distantes amigos. Logo nós que fomos feitos de palavras, temos que nos esquivar de nossos sentimentos que gritam já quase surdos, enquanto nós dizemos em olhares desviados um discurso de eu te quero muito, completamente mudo.

Flá Costa

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

"Aceite o desafio e provoque o desempate" _______________________

Pode vir. Faz as malas, vem. Chega contente, disposto, à vontade. A casa é sua. Entra, senta, fica. Tira os sapatos se quiser, pula na cama, descansa teus pés cansados nestas costas. Repousa tua alma na companhia da minha, encosta teu corpo neste canto do mundo. Chega aqui. Pode chegar. Enquanto essa multidão de casais felizes passeia lá fora, lotando sessões de cinema, corredores de shopping, festas da uva, lojas de material para construção, parques cheios de luz, nós aqui nos deixamos estar sem mais, desconfiando o mundo pelos desenhos do sol e da lua no teto do quarto entre os vãos da janela, esquecidos do tempo, do vento e da chuva. Entregues a nossas questões pessoais, nossas mecânicas domésticas, nossos movimentos íntimos universais. Distantes da rua lá embaixo, da festa das vozes em grupo, das luzes acesas. Benditos sejam os amantes afeitos a exibir seu amor ao mundo, empurrar juntos o carrinho do supermercado, beijar em público, esperar a tardinha em sorveterias de bairro. Que sejam felizes como felizes estamos nós, que escolhemos o caminho inverso. Nem piores, nem melhores. Apenas e tão somente nós. O que é nosso, amor, por escolha nossa, há de ficar aqui. Vem, divide comigo o direito sagrado de fazer, sentir e manter nossas coisas em um paraíso secreto, restrito. Que estas quatro paredes nos guardem, protejam e preservem dos males do mundo, dos olhos alheios, das coisas da vida. Que sejamos assim, você e eu, enquanto der. Enquanto for. Ninguém mais carece saber de nossos risos e angústias, nossas alegrias desaforadas, nossas horas lentas e silêncios longos. A quem mais interessam nossos cheiros e nossos gostos? Tem coisa que não tem jeito: ainda que se queira, não é possível dividir. Não se deve. Tem coisa que é só nossa, nascida para a intimidade. Se sair ao sol, à chuva, ao olhar dos outros, derrete, definha, desaparece. Tem coisa que nasce, cresce e fica para sempre dentro da gente, no infinito espaço íntimo de um mundo para dois. A olhos nus, despimos nossos corpos entre quatro paredes de discrição e resguardo. Aqui, aquecidos em nossos fogos, dividimos nossas riquezas escondidas, entregamos nossos mistérios um ao outro. E assim, sem que ninguém nos ouça e nem nos veja, colhemos juntos toda a ternura do mundo. Nossa disposição generosa para o amor merece o conforto silencioso das horas mudas. Deixa cá entre nós. Conta pra ninguém, não. O que nos é mais caro ninguém há de saber. Nosso tesouro mais valioso, nosso segredo irrevelável, nosso tempo e espaço invioláveis. Vem. Entra, fica. Em nosso canto suspenso, repletos de alegria e pudor, guardaremos instantes de graça infinita aqui dentro. Por nada, não. Nada senão a sorte de preservar-nos em nossa riqueza de bichos simples, discretos, inteiros, amantes.



Por André J. Gomes-adaptado

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Há uma grande e fundamental diferença entre o amor e o apego e creio que no mundo ainda sejam raras as pessoas que são realmente capazes de amar. ________________ Josie Conti

Não, você não está pedindo nada demais. Querer um amor tranquilo  é só o seu coração que merece, há muito tempo, ter um pouco de sossego. Chega um determinado tempo na vida em que amores intensos e desmedidos não cabem mais. Que cansa entrar nessa disputa de quem se doa e expressa mais vontade de estar ao lado do outro. Precisa mesmo tanto? Será que não é possível encontrar alguém capaz de simplesmente aproveitar a companhia, os cuidados e os carinhos propostos? Não dá para entender essa corrente atual de desapegos, onde demonstrar honestidade em ficar virou alvo de piadas e desinteresse. Se você quer alguém, apenas diga. Se não for recíproco, tudo bem. Acontece. Ao menos você não será ausente pela tentativa. Pode doer receber uma negativa? Pode. No entanto, é certo que a sua paz não ficará presa pela dúvida. O amor é incerto. É um salto no escuro exibir coragem sem a certeza de que ele será somado com outra metade. Ainda assim, quantos casos de amor foram certeiros na primeira tentativa? Arrisque-se, mas não ache que mereça pouco. Não precisa ser uma completa loucura. Não precisa vir embutido das mais fantasiosas proporções. Mas, convenhamos, o amor precisa sim de tranquilidade. É ter alguém para te acompanhar, para te fazer sorrir, para te mostrar que tudo é muito e que, juntos, vocês sempre podem descobrir um algo mais um do outro. Desculpe, mas são infelizes os que acham o amor uma dança das cadeiras, daquelas permitidas apenas para os espertos e ligeiros. Verdadeiros trouxas esses que enxergam os relacionamentos como algum tipo de entrega sem sentimentos. Acredite, você não é trouxa por querer um amor tranquilo. Você é, dentre tantos descontentes, alguém com leveza e maturidade para compartilhar. E o amor é sintonia para quem sabe abordar sinceridade. Acorde.


quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Crianças Brincam à margem da correnteza. Não indagam a origem do rio. Amam esta água necessária. Aceitam o mistério sem surpresa. _____________________ Helena Kolody

Eu sou criança. E vou crescer assim. Gosto de abraçar apertado, sentir alegria inteira, inventar mundos, inventar amores. Acho graça onde não há sentido. Acho lindo o que não é. O simples me faz rir, o complicado me aborrece. O mundo pra mim é grande, não entendo como moro em um planeta que gira sem parar, nem como funciona o fax. Verdade seja dita: entender, eu entendo. Mas não faz diferença, o mundo continua rodando, existe a tal gravidade, papéis entram e saem de máquinas, existem coisas que não precisam ser explicadas. (Pelo menos para mim).O que importa é o que faz os meus olhos brilharem, o coração bater forte, o sorriso saltar da cara. Eu acho que as pessoas são sempre grandes e às vezes pequenas, igual brinquedo Playmobil. Enxergo o mundo sempre lindo e às vezes cinza, mas para isso existem o lápis-de-cor e o amor que a gente aprendeu em casa desde cedo. Lembra?Tenho um coração maior do que eu, nunca sei minha altura, tenho o tamanho de um sonho. E o sonho escreve a minha vida que às vezes eu risco, rabisco, embolo e jogo debaixo da cama (pra descansar a alma e dormir sossegada).Coragem eu tenho um monte. Mas medo eu tenho poucos. Tenho medo de filme de terror, tenho medo das pessoas, tenho medo de mim. Minha bagunça mora aqui dentro, pensamentos entram e saem, nunca sei aonde fui parar. Mas uma coisa eu digo: eu não páro. Perco o rumo, ralo o joelho, bato de frente com a cara na porta: sei aonde quero chegar, mesmo sem saber como. E vou. Sempre me pergunto quanto falta, se está perto, com que letra começa, se vai ter fim, se vai dar certo. Sempre pergunto se você está feliz, se eu estou linda, se eu vou ganhar estrelinha, se eu posso levar pra casa, se eu posso te levar pra mim, se o café ficou forte demais. Eu sou assim. Nada de meias-palavras. Já mudei, já aprendi, já fiquei de castigo, já levei ocorrência, já preguei chiclete debaixo da carteira da sala de aula, mas palavra é igual oração: tem que ser inteira senão perde a força.Sou menina levada, princesa de rua, sou criança crescida com contas para pagar. E mesmo pequena, não deixo de crescer. Trabalho igual gente grande, fico séria, traço metas. Mas quando chega a hora do recreio, aí vou eu... Beijo escondido, faço bico, faço manha, tomo sorvete no pote, choro quando dói, choro quando não dói. E eu amo. Amo igual criança. Amo com os olhos vidrados, amo com todas as letras. A M O. Amo e invento. Sem restrições. Sem medo. Sem frases cortadas. Sem censura. Sem pudor. Quer me entender? Não precisa. Quer me amar? Me dê um chocolate, um bilhete, um brinde que você ganhou e não gostou, uma mentira bonita pra me fazer sonhar. Não importa. Criança não liga pra preço, não liga pra laço de fita e cartão de relevo. Criança gosta de beijo, abraço e surpresa!






Fernanda Mello

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Não só quero como te pronuncio: moça! Sabe abusar e devolver? Entende o amor lascivo e tão mais . . . teu? Percebe o colo? Sente um carinho óbvio? Moça, a cumplicidade nos alimenta. Não estraga a verdade. As quartas-feiras são fatídicas. _______________________ Dan Cezar

Pertenço às declarações rasgadas, às madrugadas insanas, à poesia piegas. Meu amor é esse fruto ácido das inconseqüências juvenis. Meu amor não se veste bem, ele sai desgrenhado na noite cheia de luzes. Não entra pela porta da frente, ele pula a janela. Meu amor não é mensurável. Ele é daqueles que não se ajustam. Não pertenço à irritante prudência dos amores modernos. Nunca me dei a esses sentimentos contidos. Na era dos corações mudos, meu bem, eu sou o grito. Meu amor é canção e já começa pelo refrão. Eu amo apesar das caras de espanto, dos burburinhos diante da loucura das paixões ébrias, amo apesar da sua cara de quem não entendeu nada. Tolice, meu bem, o amor não foi feito pra ser entendido. Eu amo a sua alma confusa, insana, errante – eu amo apesar do erro.Eu não amo no seu tom. Meu amor toma um porre e te faz uma serenata desafinada. Não acompanha tua bossa nova: meu amor é rock’n roll. Ele escreve versos tortos em guardanapos molhados numa mesa de bar.Meu amor não te procura as virtudes. Ele não pondera, não te espera no altar, não analisa teu boletim, não aceita o teu portfólio. Você me ganha nos detalhes. Meu amor renasce toda vez que você sorri bonito, meio de lado, como quem não espera muito do dia seguinte. Ele dança cada vez em que os nossos passos cambaleantes se encontram. Ele me anestesia os sentidos, me confunde as certezas, arrebata a minha consciência. Ele não aprende os passos, te tira pra dançar num supetão, num descompasso.Meu amor não se esconde em nenhuma máscara de pureza. Se mostra inteiro, altivo, vivo. Antes de se explicar, ele te confunde. Mostra a que veio, descalço, despido.Amor que se preze não pensa. Ele não se pergunta, ele vai. E te leva junto. O amor é o porta-voz da insanidade. E se for consumado, sem medo, sem vergonha e sem pudor: que me consuma.


domingo, 8 de outubro de 2017

"Meus cabelos são esculpidos pelo vento norte (...)" ________________________ Gabitoterapia

Que o vento leve tudo o que fere a alma. Que carregue o que impede o sorriso dos lábios. Que cicatrize as feridas que porventura se instalarem no coração. Hoje, eu quero que o amanhã seja precioso, que traga paz, que seja doce. '
          Bela Semana!
' _____________Wanderly Frota

"Vão-me quebrando, até me reduzirem a um ponto, imóvel e descompensado - mal sabem eles que amo velejar na tempestade, e que antes do relâmpago é mandatório a fragilidade negra dum céu calmo." _____________________________ Benjamin A Castro

 
07/10/2017
 Segue  o baile!
"É, menina! Vão te machucar claro que por pura falta de empatia, vão te machucar sabendo que vai doer muito, ou intencionalmente ou sem se importarem com isso. Ah, menina, eu sei, é tanta leviandade, tanta leviandade com sentimentos sagrados! Vão te machucar porque pensam que não vai ter problema, ou que você é de ferro, quando eles que têm o coração de pedra. Vão te machucar muito, não duvide. Só não deixe de ser quem é. Só não mude. Só não tome posse da crueldade deles. Sua luz é cura, menina. Não deixe seu coração entristecer ou escurecer! Vão te machucar sorrindo, então respira fundo e sorria também, por favor. Levante a cabeça e sorria. Porque teu sorriso é do bem, tem bondade e verdade, é o que deve prevalecer. "

(Rachel Carvalho)

sábado, 7 de outubro de 2017

Minha alma tem pés descalços e olhos brilhantes infantis. Ela veste trapos imprestáveis, tem uma corda cingida à cintura e vive em busca de borboletas, versos e passarinhos. Alma, peço-te, agora: Leva-me junto de ti! Carrega-me em teus braços. És infinitamente maior do que sou. ______________________ Nara Rubia

O quão triste será o dia que eu te disser que saí com uma pessoa? Que permiti que ela me olhasse e segurasse em minha perna por sob a mesa. Que falei algo bonito pra que ele sorrisse e eu acabasse sorrindo de volta. O que será quando eu te disser que descobri um mundo fora do seu. E que mais que beijar outra pessoa, eu fechei os olhos. pensei no beijo enquanto ele acontecia. brinquei com o cabelo dele, Puxei sua cintura pra perto da minha, relaxei os músculos e o convidei para minha casa, minha fortaleza que só cabia você além de mim. E se eu te contar que tomei um vinho enquanto uma música tomava conta do ambiente e esse vinho me dava coragem e que coloquei uma luz tranquila pra que ele se sentisse tão a vontade quanto eu gostaria de me sentir. E no dia seguinte, ou na semana seguinte, quando eu e você nos encontrarmos decorrente da saudade que jamais deixaremos de sentir e do amor que jamais deixaremos de nutrir,  e você me perguntar como anda a vida e eu direi: surpreendente. Direi, pela sinceridade que sempre admiramos, que saí com alguém. Você, por último, cabisbaixo, vê que esse dia chegou. e não sabe me dizer o quão triste ele é. porque talvez ele sequer seja. Talvez nos submergimos nessa ilusão de que nos pertencemos e nos esquecemos que sempre fomos apenas de nós mesmos. Você se preocupa que eu encontre alguém apenas pela necessidade, mas eu te direi que estou fazendo o que  que se espera de uma mulher saudável: Me permitindo e deixando as janelas abertas para a entrada de possíveis borboletas em meu jardim...


sexta-feira, 6 de outubro de 2017

"cê tinha olhos de gente que chega pra ficar por um tempo que a gente não mede, mas torce pra que não seja breve." _____________________ Débora Gomes

Olha meu querido sou de choro fácil. e jamais me esconderia de você por trás das suas cortinas. 
 é que tenho medo de tudo. sempre tive. 
(de altura, da solidão, do barulho, do cheio, do vazio, da perda, da entrega, dos encontros). 
e de todas as vezes, essa não podia ser diferente?
não, não foi. 
é que eu sofro de distâncias. sempre sofri.
e quando parei nos seus olhos, eu entendi porque alguns abismos são maiores que os outros.
"e aí, iria saltar?"
é que ainda tenho medo de tudo. sempre tive.
(do seu sorriso, do seu abraço, da sua voz, do seu silêncio, do seu passo, desse encontro).
e de todas as ilusões, essa não poderia ser diferente?
talvez, mas não sei.
Não sei esquecer. 
e não sei amar de jeito simples. 
e não sei como te dizer "não vá embora".
me ensina um jeito de te fazer ficar?
porque eu tenho medo de tudo. e sempre vou ter.
(das minhas memórias, dos meus destinos, dos meus sonhos, da minha voz, dessas palavras).
e de todos os medos, esse não poderia ser diferente?
sim, mas não foi.
é que eu aprendi a coragem e a conjuguei com a solidão.
assim mesmo: sem eira, sem beira, sem verbo.
por isso eu vou ter sempre medo de tudo. 
(de onda em mar revolto, de voar ao lado da asa, de ir embora e deixar a mobília, de ficar e não ter nunca mais pra onde ir, de te deixar pra trás) 
e de todos os amores supostos, esse não podia ser diferente?
sim. é...




Débora Gomes

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Não é mau humor. É desacorçôo profundo. _____________________ (@pefabiodemelo)

Arquivo Pessoal
Tenho mais silêncios do que segredos. Sou apenas uma resposta atrasada de alguém, a canção inapropriada da madrugada, o livro mais demorado de alguma estante. Sobre mim apenas o distante, o toque que não alcança, a muralha que divide. Ontem eu fui uma menina que fui roubada de sonhos, uma mulher que amadureceu das precipitações sobrepostas. Nem sempre a vida é justa, nem sempre nos devolve as respostas e passamos sendo apenas interrogações. Não tenho conversas interessantes, antes sou um poço de irrelevantes poemas. Tracei um caminho, mas caminhei por um desvio, sempre a própria beira. Não ofereço nada, do pó que vim, morrerei voando em poeira. O que deixarei saber sobre mim é que de alguma forma tenha amado a vida ou alguém, sem detalhes além. Uma mulher não diz quem escolheu para amar. Ela vive um amor a dois, a sós.




Cáh Morandi

"Nós sempre teremos Paris..." _____________________ Casablanca

Aos olhos de um apaixonado 
Toda esquina é Paris, 
Toda janela um quadro,
Qualquer traço, Picasso
Um sorriso Mona lisa
Aos olhos de um apaixonado
Passarinho é Quintana,
"O infinito está em nós."

Luara Quaresma
Cama, paraíso
Qualquer adeus fim de mundo
Toda canção confissão 
Aos olhos de um apaixonado
Todo sussurro, uma prece
Sessão da tarde, Felinni
Um rodopio, Fred Astaire 
Telefone é evento e todo dia, feriado 
Aos olhos de um apaixonado.




segunda-feira, 2 de outubro de 2017

"Absolutamente louca. Acredita na força das estrelas. Tem um caderno de delicadezas. Escreve sobre os segredos da lua. Faz cópias da madrugada. Acha que um sorriso muda o mundo. Crê no mar como um aceno do tempo. Todo poeta sonha com uma mulher assim Igual a ela. _____________________ Fernando Coelho

Arquivo Pessoal
E no encaixe do tempo, os afetos vão (part)indo, vindo... Uma maré subindo, descendo. Vento lá dentro, na varanda dos olhos... Outrora, canção que lembra, que faz fita no cabelo, que dá cócegas no estômago. No instante lúdico da metamorfose, dos varais de sentimentos claros, sem nuvens, sem indecisões. Sendo fase de lua, nascendo e crescendo... Vingando sol que se põe quieto, que arde silencioso e descansa no ninho do peito, (aguar)dando um jardim de si.

Simone Resende

domingo, 1 de outubro de 2017

Dentro de cada mulher, convivem todas as tempestades e todas as calmarias, e consagra-se, assim, a plenitude do mistério. ____________________ Fernando Coelho

Parece estranho, não? Quem não quer saber que é amado por alguém? Pois saiba que o número de mulheres que não faz questão alguma de ouvir essa frase, tem aumentado a cada dia. E nem é pelo desinteresse no amor, é que elas estão cada vez mais independentes e exigentes, e depois de um “eu te amo”, você precisará ter muito mais para oferecer. E sabe por quê? Pois todas elas carregam consigo a certeza de que o amor, sozinho, não mantêm os outros sentimentos vivos; e viver é tudo que as importa. Antes de saber que são amadas, elas querem ser respeitadas, querem dar voz ao amor próprio, querem ser donas de suas vontades, e, por fim, querem ser livres para aceitar o amor que acham merecer. Então, não adianta só dizer que ama. Essas mulheres preferem ouvir um “tô chegando na sua casa”, “se quiser eu vou com você”, “vamos ali comigo?”, “teve bom ontem, né? Vamos de novo?”, “me chama quando precisar”, “tô contigo pra tudo”…Essas mulheres são intensas demais para ficarem presas à promessas de amor eterno. São donas de si, e por se conhecerem tão bem, não irão aceitar nada menos do que alguém também se conheça, e que saiba que, sem liberdade, é impossível escrever uma história que valha a pena viver. Que fique avisado: é melhor deixar as declarações para lá. Controversa, a geração de mulheres que não se importam em ouvir um “eu te amo”, será a que mais irá nos ensinar sobre o amor.