quinta-feira, 31 de julho de 2014

"Sou essa mistura homogênea de fragilidade e força. (...) Vivo pronta para a batalha!" ______________________ Rachel Carvalho

Sem muito alarde. Sem drama mexicano. Sem melancolia.
Estou deixando essa tristeza durar um pouco mais de tempo.
Aprendi - e só o tempo ensina - que amputar a tristeza
Ainda era outono. Ao vento, caía o amor.
Ita Portugal      
só faz a ferida ficar maior, só aumenta a dor.
Alegria inventada não cura, não alivia, não salva.
O que melhora mesmo é a força que cresce dentro da gente.
É a fé. É a certeza de que no tempo certo a alegria vem.
Hoje ainda dói um pouquinho, mas eu não ligo muito,
estou acreditando com muita coragem no amanhã.

(Wendel Valadares)

...............................Belo fim de tarde!

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Qual a maior loucura que você já fez por amor? Ela confusa respondeu: amar não basta? ________________________ Adele Teixeira

"Eu escuto a cor dos passarinhos"

Manoel de Barros
Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.

Alvaro de Campos


terça-feira, 29 de julho de 2014

"Espremendo dias ácidos, faço suco de estrelas" ____ Renata Fagundes

[...]"Posso dilatar as horas,
 saborear os flocos das nuvens;

poemar o romance enquanto esse
pássaro nasce?

Posso demorar-me em ti? [...] 

(Fernanda Fraga)
Com dias programados, se desprogramou de grandes expectativas. Não atendia aos telefonemas do inesperado. Se tornou estrada com placas demarcando limites. Quando sentimentos desavisados resolviam fazer "canturia" nas janelas do seu coração, de imediato passava a tranca no sótão dos sonhos e dormia embalada pelo silêncio da noite. Mesmo com todo esse cuidado, em um piscar de olhos foi sequestrada por um sorriso, sua armadura queimada por palavras docemente firmes. Bastou um pequeno gesto e todos os muros, toda a segurança havia caído. Se tornou uma sem teto, com pés descalços, sorriso fácil, refém nos braços da poesia.



Renata Fagundes

domingo, 27 de julho de 2014

"Tenho este defeito. Só amanheço quando entardece." _________________________ Padre Fábio de Melo

"Não, as palavras não fazem amor, fazem ausência(...)"

Alejandra Pizarnik
Seu último poema dizia que a primavera traria de volta as flores que o outono levou. Vê? Aqui dentro ainda é inverno. Trocaria toda essa erudição e frases feitas por diálogos despretensiosos, que não exigissem disposição para decifrar incógnitas. Rabisco frases sem sentido, me pego rimando e desenhando versos bobos. Vou gastar meus clichês, esgotar rompantes emocionais, desperdiçar ironia e matar as incertezas. Se não dá pra converter em exclamação, dispenso. Detesto a contradição, mas ela me adora. É um caso de amor e ódio onde invariavelmente saio rendida. Meus textos não tem sentido porque os desejos rumam em sentidos opostos. Tem um elefante branco, uma caixa de lápis de cor e milhares de objetos inúteis aqui dentro. Fico criando associações, buscando coerência e domínio. Não alcanço nada disso e me frustro. Quebro as pontas de todos os lápis: é inverno e não cabe desenhar nenhuma flor. Vai render meia página. E eu queria um livro inteiro, dez ou doze capítulos de você.

Flávia Queiroz

“Deixe o tempo te ensinar que os tombos te fortalecem, que os ventos te levam e que a vida te molda da maneira que bem quer. Não tente entender, tente viver. Poucos conseguem.” ________________ Caio Fernando Abreu

"Somos uma mistura da vida vivida
 com o futuro sonhado."


Calligaris
O escritor chinês me deixou a lembrança da varanda... Não me lembro mais do seu nome e sequer o nome do livro, um exemplar bastante amarelado, guardado em minhas coisas, dentro de alguma caixa, no Brasil. Ando tão confusa, preciso de um tempo interno. Escrevo daqui, da CA, para uma amiga no Brasil, sobre um escritor que viveu na China... Ando cansada... Esgota-me falar em várias línguas! Até do Português ando esgotada e estou errando muito. Preciso abrir a minha varanda do nada e nela me encontrar. Ele, o escritor, escreveu que na China antiga, as pessoas construíam em suas casas uma varanda que haveria de ficar vazia. Uma varanda criada para o nada. Uma varanda para reflexão, imune ao desejo humano de decorar. Tenho uma varanda à minha frente, enquanto escrevo. Hoje, mal a vejo, puxei as cortinas, entranhei-me em casa e em mim mesma. Nessa varanda há uma árvore que dá flores Havaianas, Espadas de São Jorge, uma única minirroseira, um jasmineiro que ressuscitei. Há um vaso de lily. Há cactos e descaso, não cuido muito dela. Por ela, eu passo, molho as plantas, vejo como está o tempo para escolher a roupa que usarei. E só. Atrai-me a varanda interna. Todos nascem com uma varanda para reconstrução íntima, para juntar os cacos da alma que foi estilhaçada, do amor-próprio ferido, das dores todas do mundo. É... ando assim, para dentro, no começo pensei que fosse amor mal tratado o que me dilacerou, mas nessa varanda, encolhida nela, percebi que não foi amor por outro, foi apenas e pobremente amor excessivo por mim mesma. Fui menosprezada, largada, deixada de lado, fui preterida. E isso cortou fino, caco de vidro finíssimo rasgando rápido a seda da alma. O corte alcançou a pele do corpo, minha engrenagem interna, o fluxo sanguíneo, fiquei doente. O escritor relatou a necessidade da varanda. Não tenho varandas propícias, e nem quero, tenho a principal, a que existe dentro de mim. A de fora está no frio, é outono aqui. Ela para mim também é importante, apesar da minha quase desatenção, porque, por ela, percebo que escrevo sabendo que o mundo existe, e não enclausurada em minhas vãs filosofias. Por ela, vejo as pessoas passarem nos corredores do prédio, quando as cortinas não estão cerradas, feito hoje. A enorme porta de vidro que separa a minha mesa, o meu computador, dela, mostra-me isso. A de dentro andava largada - eu também sei abandonar! - mas agora dedico meu tempo a ela, ao nada, a mim mesma. Faço varreduras, arejo com sal grosso, perfumo com alfazema, clamo por um poder maior às minhas pequenezes. Escolho as flores que amarei, as músicas que permitirei, evito possíveis invasões. Nela, tenho permissão para controlar os sóis, as luas, as marés e todos os ventos. Nela, tenho permissão, total e absoluta, para impedir a entrada de pés em lama. O escritor deixou de lembrança a varanda. A minha amiga, Sil Antunes, deixou-me uma frase: "Em teu mundo, não é qualquer pé que sabe entrar. Nem qualquer alma."

Suzana Guimarães.

Nota: Crônica originalmente publicada na Revista Mostra Plural (São Paulo).

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Existe um tempo em que o amor amadurece. Chico Buarque chamou esse tempo de "Tempo da Delicadeza", e definiu lindamente como o "tempo que refaz o que se desfez". __________________ Blog A Soma de Todos os Afetos


"Retirou-se. Foi meditar, entre rituais de luzes e amores."

Claudia Costa
Houve uma época em que eu quis ter a sílaba redonda, a letra redonda, o coração redondo. Queria ter uma história certa pra contar. Queria uma coleção de certezas pra calar os medos. Queria terra firme e chão seguro. No decorrer do tempo, encontrei e perdi o caminho certo por diversas vezes. Mais tarde, percebi que a perda de mim mesma podia ser um grande encontro. E me reinventei. Hoje sigo amando e, naturalmente, me equivocando. E sendo poeta pra dissecar os próprios amores e os equívocos que ele traz. Quero o mais doce e o mais azedo dos sentimentos. Quero tudo o que existe entre doce e azedo. Quero ser coletânea. Minha matéria-prima é o amor, o maior de todos os sonhos e o mais doce dos enganos.

Autoria: Silvia Prata
Quentão pra esquentas.
Bela noite e Bom fim de semana!

quinta-feira, 24 de julho de 2014

"Falo a língua dos loucos, porque não conheço a mórbida coerência dos lúcidos". ________________________ Luís Fernando Veríssimo


"Às vezes é preciso 
acontecer um furacão 
para valorizarmos 
a brisa leve."

Blog Intensidade

A culpa é de quem primeiro rimou amor e dor. E é tão dificil sarar, sair, se mandar. E todo dia nasce, e todo dia dói, o verbo esquecer permanece sem conjugação. Sufoco. Olho, tento criar magia. Quero ter de volta minhas nuvens de algodão doce. Quero ouvir música , flutuar, quero aquele retrato colorido, e os sonhos, e a poesia. O amor sobrevive e vive da fantasia para que a realidade não nos mantenha no chão.



Desconheço a autoria.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Não existe amor perfeito, existe amor. A única exceção, é a flor. _________________________ Dulce Miller

Um presente dado e um amor achado agente nunca esquece!
Novo blog, aos poucos vou fazendo
a transferência de arquivos e deixando ele fofo!!


Bem-vindos!
Já aconteceu de eu quase chorar por ter tropeçado na rua, por uma coisa á-toa.
É que, dependendo da dor que você traz dentro,
dá vontade de aproveitar a ocasião para sentar no fio da calçada 
e chorar como se tivéssemos sofrido uma fratura exposta.


- Martha Medeiros