domingo, 12 de junho de 2022

Amar é estar disponível ao encontro dos vazios. Não há completude que dê conta.

Amar é estar disponível ao encontro dos vazios. Não há completude que dê conta. Numa relação amorosa corre-se o risco de querer tamponar o vazio do outro, de manter um vínculo de afeto na ordem da completude ou de se colocar como objeto do desejo do outro. Amar requer o saber-se incompleto. Na esfera da completude não há desejos, porquês e amor. Somos ao redor de um vazio. Assumir isso possibilita a invenção de novas formas de amar. Caso contrário, continuará no jogo do faz de conta: eu te preencho e você me preenche.


Dagmar Castro

quinta-feira, 9 de junho de 2022

E pensar que tudo pode partir de uma confusão de ideias embaralhadas pela presença constante e exagerada do outro em nossas cabeças. E pensar que, às vezes, nos pegamos achando que esse é o tipo de coisa que só acontece com as outras pessoas. E pensar que várias vezes damos voltas incríveis para conseguir falar o que o corpo e os olhos já cansaram de dizer. _______________ Gustavo Lacombe

                       Uma garota só precisa de um garoto que possa 

                        ser homem o bastante para prová-la que 

                                   nem todos os homens são iguais.

Marilyn Monroe


Eu sempre tive um coração meio mole. Ensaiava cartinhas de amor num diário trancado à chave. Sempre fui a menina romântica; a namoradinha do CD com trilha sonora. Cresci, sorri, sofri e confesso que persisti. Amadureci, é claro, mas acho que não endureci. Insisto na ideia de me entregar ao amor e a paixão porque no fim das contas, dando certo ou não, gosto de afeto. (...) A verdade é que gostar de alguém sempre me fez bem. Sempre fiquei mais inspirada, animada e encantada pela vida nos momentos em que minha afeição tinha direção.(...) afeto é um grande indicativo de humanidade e até onde eu sei sentimento ainda não é um defeito de fabricação. (...) Eu me recuso a encarar a frieza como uma vantagem. Me recuso a chamar de trouxas aqueles que assim como eu não se dão muito bem com a mecanização das relações. Me recuso a nutrir qualquer admiração especial por aqueles que têm a capacidade de “pegar sem se apegar” como se isso fosse algum indicativo de autossuficiência, boa autoestima ou amor próprio. É preciso entender que as pessoas são complexas demais e que reprimir sentimentos como se eles fossem um sinal de fraqueza é um grande desrespeito à personalidade encantadora daqueles que mesmo em meio a tanta frieza, têm corações persistentes nas delícias da paixão. É preciso respeitar a afeição.


Eduarda Costa


quinta-feira, 2 de junho de 2022

"Que na ausência dos encontros, possamos ser pensamentos." ( Ricardo Mellen)

Batidas na porta da frente
É o tempo (Sempre de mansinho...)
Eu bebo um pouquinho pra ter
Argumento (Tentar argumentar com o tempo, doce ilusão)

Mas fico sem jeito calado, ele ri (ele faz troça da gente)
Ele zomba do quanto eu chorei
Porque sabe passar
E eu não sei (O tempo sempre zomba das pessoas, porque ele passa e deixa marcas na gente, nem sempre boas)

Num dia azul de verão
Sinto o vento
Há folhas no meu coração
Junho 2022

É o tempo (Folhas que caem, pessoas que passam, lembranças, é assim que vejo essa estrofe)

Recordo um amor que perdi
Ele ri
Diz que somos iguais
Se eu notei
Pois não sabe ficar
E eu também não sei 
(Somos tão pequenos diante do tempo, ele só deixa lembranças, e ele não sofre, nós é que choramos, sofremos, buscamos voltar no tempo a cada dia)

E gira em volta de mim
Sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro
Sozinhos 
(Aqui o tempo é cruel, zomba dos nossos amores perdidos, das pessoas que ficaram no esquecimento e afirma que nosso destino é a solidão)

Respondo que ele aprisiona
Eu liberto (Tapa na cara do tempo)
Que ele adormece as paixões
Eu desperto 
(É aí que sacaneamos o tempo, porque sabemos deixar o amor vivo dentro da gente, mesmo que o tempo o faça passar, ir embora, conseguimos mantê-lo vivo)

E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Pra tentar reviver 
(Sim, o tempo precisa aprender que podemos mantê-lo dentro da gente, com lembranças, saudades, sentimentos bons)

No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer 

quarta-feira, 4 de maio de 2022

Não foi nada. Deu saudade, só isso. De repente, me deu tanta saudade. .................................................................................... Caio Fernando Abreu


Hoje foi mais um dia daqueles. Silenciosos. Observei cada canto desta casa, sempre vazia. Fiz tudo o que podia, coisas que eu achava que nem sabia fazer. Li livros, assisti a vários filmes, brinquei com meu gato, pintei o cabelo e as unhas. Acho que estou de luto... pelo meu coração. Alguns filmes me lembraram você e por isso, chorei. Reli aquelas conversas; sabe aquelas que me enviou quando me dizia uma serie de poesias diretamente vindas do coração. Pois é, elas mesmas. Tempos bons foram aqueles, não é? Não me lembro quando foi a última vez que ri. Aliás, lembro sim. Foi no sábado... retrasado. O dia em que aquela maldita enxaqueca começou. Na quinta já não aguentava mais e resolvi procurar um médico. Sinceramente, acho que ele se assustou. Me diagnosticou como doente de amor crônico. E foi aí que eu percebi: não tem cura. 



 Kelly Gomes (flor)-Adaptada

O engraçado é que ela floresceu no deserto. Quando a única umidade vinha de seus olhos castanhos. Ela brotou no solo da dor, pois ainda que o tempo não fosse favorável, havia dentro de si alguns raios de esperança. #NoemiPrates



"O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens… levantou no mundo as muralhas do ódio… e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido."





- Charlie Chaplin, em 'trecho do discurso proferido' no final do filme "O grande ditador".

Amor, eu te critico, mas é para o teu bem. E assim caminha a humanidade, com amores que te colocam lá no alto, te apontam os erros e as possíveis melhorias. ___________________________ Jornalirismo

Houve um tempo em minha vida que tinha um prazer surreal de me fixar em portas trancadas. Dava muito murro em ponta de faca e chorava escondido como a mocinha que "se perdeu olhando o sol se pôr...". Mas a gente amadurece. E aprende a gostar daquilo que tem qualidade. Falo qualidade de afetos, de trocas, de mercadoria também. É como aprender a se vestir bem. Só o tempo nos mostra o que cai bem, aquilo que fica adequado ou não ao nosso corpo. Adolescentes, seguimos a moda à risca e arriscamos um "tomara que caia" num corpo sem seios, sem estrutura... ou uma calça skinny num quadril desproporcional só porque tá todo mundo usando... Com o tempo aprendemos que nem tudo nos cabe _ nos relacionamentos também. E então aprendemos a dar valor ao que é nobre, ao que nos faz bem, àquilo que desperta nosso lado mais humano, gentil, generoso_ aquele que temos orgulho de sustentar. Não existe final romântico em "morrer de amor". Porque amor não mata, não destrói, não nos torna tristes ou piores_ piores para nós mesmos. Amor é quando você atravessa portas escancaradas, nunca "meio" abertas, "meio" trancadas, "meio" na dúvida. Quem ama oferece chaves... Então abra a janela e deixe o sol entrar. Que seja novo, acolhedor, de bom caimento, de bom tamanho _ o seu número. 

[Fabíola Simões, A soma de todos os Afetos]

“Agir, eis a inteligência verdadeira. Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for. O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito. Condições de palácio tem qualquer terra larga, mas onde estará o palácio se o não fizerem ali?” ________________________ Fernando Pessoa

“E é interessante.
O tal do ser humano é interessante. 
Sempre procurando o amor definitivo e a tal da segurança.
Logo ele, capaz de morrer no próximo minuto, 
sujeito à primeira ventania,
e sem a menor chance diante do menor maremoto.
A segurança, colega, não existe. 
A gente inventou. 
E isso dói.”




[A vida é bela, Oswaldo Montenegro]