Houve um tempo em minha vida que tinha um prazer surreal de me fixar em portas trancadas. Dava muito murro em ponta de faca e chorava escondido como a mocinha que "se perdeu olhando o sol se pôr...". Mas a gente amadurece. E aprende a gostar daquilo que tem qualidade. Falo qualidade de afetos, de trocas, de mercadoria também. É como aprender a se vestir bem. Só o tempo nos mostra o que cai bem, aquilo que fica adequado ou não ao nosso corpo. Adolescentes, seguimos a moda à risca e arriscamos um "tomara que caia" num corpo sem seios, sem estrutura... ou uma calça skinny num quadril desproporcional só porque tá todo mundo usando... Com o tempo aprendemos que nem tudo nos cabe _ nos relacionamentos também. E então aprendemos a dar valor ao que é nobre, ao que nos faz bem, àquilo que desperta nosso lado mais humano, gentil, generoso_ aquele que temos orgulho de sustentar. Não existe final romântico em "morrer de amor". Porque amor não mata, não destrói, não nos torna tristes ou piores_ piores para nós mesmos. Amor é quando você atravessa portas escancaradas, nunca "meio" abertas, "meio" trancadas, "meio" na dúvida. Quem ama oferece chaves... Então abra a janela e deixe o sol entrar. Que seja novo, acolhedor, de bom caimento, de bom tamanho _ o seu número.
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