sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Eu vivo em pleno estado de GRATIDÃO....... (Marla de Queiroz)

Inaugurou um novo capítulo: uma garoazinha de tristeza, uma saudade entreaberta, e o vento aborrecido. Sudoeste querendo abraçar tudo. E ela vagueando por aí sem nenhuma palavra que arranhasse o silêncio. O tempo contido nas coisas, os dias aprisionados na ansiedade já não deslizavam pelo calendário. Esperança já nem suspirava. Não havia espera de nada, apenas a companhia corriqueira: ela e a solidão_ mão com mão, rostos sem face. Já não desejava amores nem intrigas de paixão alguma: sossegou-se na solitude aceitando aos poucos o tempo alargado para se preencher com improvisos, sem horários rígidos, sem avisos. Preencheu de paz o espaço novo do coração esvaziado.(Dizem que a Primavera chega trocando a roupa da paisagem). E no auge da sua descrença o dia amanheceu de novo. Quando não queria mais fugir de si mesma, foi surpreendida por uma voz de timbre limpo, olhos atenciosos e mãos que diziam coisas. Era alguém que tranquilizava quando apenas sorria. Uma pessoa que trazia em si o amparo de tudo. Tinha o dom da conveniência e da clareza e pronunciava reciprocidade. O fato resumindo é que o amor não era mais aquele estardalhaço. O amor era suave e tinha um jeito de penetrar sem invadir, de libertar no abraço. O amor não era mais aquela insônia, mas sonho bom na entrega ao desconhecido. O amor não era mais a iminência de um conflito, mas uma confiança na vida. E, pela primeira vez, o amor não carregava resquícios de abandono, pois havia descoberto: o amor estava ali porque ambos estavam prontos.
(O Tempo estava certo.) 


 * Marla de Queiroz Do meu livro QUANDO AS PALAVRAS SE ABRAÇAM. (vendas pelo direct. Envio com dedicatória

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

"Feito flor abraçada por borboleta. Feito café da tarde com bolinho de chuva. Onde, em vez de nos orgulharmos por carregar tanto peso, a gente se orgulha por ser capaz de viver com mais leveza." Ana Jácomo

Eu ainda sou essa poesia que rima e (des) rima.
Que faz prosa, só pra caber na tua fala.
Me faço e refaço, basta ser papel em branco a me tocar.
Sou poesia inacabada, esperando construção.
Sou pontuação, sou reflexo do que leio.
Ás vezes sou repetição.


Mas, de tudo que sou, gosto de ser vento, daqueles que sopra pra longe qualquer aflição.


Patrícia Rocha