quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

"(...) Não quero rimar as palavras, quero algum inverso desse inverno que se estende por verões que não se espraiam, mas... essas vontades de um voo impossível, de um flerte entre um ser feito de sol, e uma criatura miúda, que corre e molha seus pés em poças de uma água já caída, rimar parece a única saída, de me salvar. (...) _____________________________ Be Lins

Qual será a rua daquela canção que 
nos escreve mas não nos define?

Be Lins
Essa alternância de HIATOS. (hiato: intervalo, pausa, desconexão, distância, com ou sem intenção, tudo intercalado.) Presença, ausência, paciência, nada se encaixa dentro destes nossos ensaios de viver em tempos descompassados. E são tantos os tempos, adventos, contratempos, novos ventos, eu não aguento mais esse tormento, de onde me surge um novo argumento: _ E se fossem outros os convites...Por exemplo:Hoje você poderia ser Dante, e eu, a sua Beatriz. Não aqueles dois deprimidos da ponte, mas dois seres que fogem para outros jardins. Podemos ser até crianças, Romeu e Julieta, crianças em idade de amar...Podemos brincar de esconde-esconde, mas não entre céus e infernos, chega desse frio, chega desse inverno, deixemos o purgatório pra depois, vamos chutar as culpas, as cobranças, as lamúrias, vamos fazer delas pedras de um castelo moderno, sem breu, chega de tanto cinza, e de tanta lama, e de tanto drama, vamos trocar temporais por litorais, vamos parar de ver vultos e vamos pular uns muros, correr na noite, destrancar o quarto, pular da cama, vamos calar o mundo e torna-lo só nosso, se o pesadelo é possível, tudo é crível, podemos viver uma noite incrível, sem velas sem arandelas sem sentinelas a nos vigiar, podemos ser duas almas, mas também dois corpos, sangue nas veias, pulsações, excitações, outros toques, e muitos beijos, podemos mais do que supomos, embora sejamos dois bobos, colecionadores de hiatos, dois chatos, dois amantes que abrem mão da volúpia, pra ficar olhando as voltas que a cornucópia dá, ou deixa de dar, se eu sou Beatriz, você é meu Dante, mas podemos ser outros tantos, podemos usar o nome que melhor nos aprouver, Ana, Maria, Fausto, Miguel, que importância tem o céu e o Infinito se todo segredo está talhado em granito, somos guardiões, mas também somos corações, nunca teremos direito se sempre formos iguais, e é aqui que essa outra que sou, te convida para fugir destas fúnebres catedrais. Vamos ser somente gente. Gente de carne e osso, tomados por uma paixão descabida, fechar as portas do ego, desse super ego infernal, e mergulhar na alma, na calma, na descoberta de palavras novas, para nós, tão pouco usais,vamos falar de espumas, bolhas de sabão, vamos falar de almofadas, da delicia de não fazer nada, vamos falar de comidas, frívolas delicias, frutas da estação, vamos entrar na contramão daquela avenida, vamos deixar definida nenhuma condição, a não ser a que nos garanta uma nova sensação uma sensação de conforto, intimidade, deletar a saudade do mapa, assinar nossos nomes na ata que nos desata dos nós marítimos, e se for para afundar, só ser for no mais alto do mar, pra mergulhar com um folego sem fim, sinta meu peito, assim, com todo o ar do mundo dentro de mim, assim , assim, tudo verde, tudo azul, turquesa, esmeraldas, veja como são lindas as criaturas, vamos desenhar figuras na areia, deitar nosso corpos nus numa esteira, vamos abrir mão de eiras e beiras, vamos falar besteiras até o sol se pôr, e então vamos correr até voar, vamos nos abraçar e sentir a vida, vamos botar a vida no meio, botar a vida bem dentro da gente, entre a gente, vamos ao menos sonhar com isso, e se preferir, no lugar de convite, salve: compromisso, _ Pense como seria experimentar...

Be Lins

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