sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

HIPÉRBOLES DE VOLÚPIA E TERNURA...

"O Amor é tão  óbvio"

Solange Maia
E se, de repente, cada alegria nova desfaz um nó? E se a gente nem acreditava mais que esses nós podiam ser desfeitos? E se, de repente, nossas convicções começam parecer endurecidas demais? E se a gente sentir uma vontade imensa de rever as ideias, de olhar por outro ângulo, de nos dar uma chance, de ignorar os julgamentos e de ser feliz, estupidamente feliz ? E se, de repente, nos dermos conta que bem no meio da nossa vida tranquila e sossegada, surgiu aquele alguém que muda tudo que a gente já foi ? E se essa pessoa vira imediatamente uma música em loop infinito na cabeça da gente? E se a gente não quiser nem um pouquinho dar stop nessa música ? E se, de repente, todas as coisas prontas que a gente sabia descobrem-se na verdade apenas começadas ?E se o que antes era muito vira agora muito pouco ? E se, de repente, um único beijo dura duas horas, e a gente nem se lembrava que isso existia ? E se já não sabemos onde fica a fronteira que divide a paixão e o amor, porque tudo anda deliciosamente misturado ? E se, de repente, um olhar entra dentro da gente e nos faz sentir absurdamente amados, desejados e cuidados ? E se a gente nem quiser mais se proteger? E se, de repente, a gente descobre que existe sim alguém capaz de perceber que mora um poema inteiro dentro da nossa boca ? E se agora a gente sabe que saudade é uma coisa muito, muito sem graça ? E se, de repente, a cama branca já não combina mais com esse desejo tão gostoso, onde o coração pulsa em sintonia com a pele, e a gente desenha hipérboles de ternura nas costas voluptuosas do outro ? E se a gente começa a querer enfeitar a vida do lado de fora, só pra combinar mais com o lado de dentro ?

(Solange Maia)

Nenhum comentário:

Postar um comentário