Quem tem alma que cabe jamais me
interessou. Sou mandala de imprevistos, improváveis. Sou de possíveis. Não sei
pisar em ovos. Minha melodia é livre e não cabe num único estilo musical. Moço, eu tenho asas por dentro,
sabe? Já percebeu que vira e mexe, estou voando, na tua frente?Sou profunda e abrigo armários de
mar, prontos para acalmar minha euforia dominical, se preciso. Troco esse
carnaval tradicional por livros e dois dedos de vinho quase todo ano. Minha pele tem pó de estrela e meu cabelo,
estações. Não troco sono tranquilo por
amores desarrumados. Mas confesso, que às vezes, eles são os mais bonitos. Meu
vigor anda de havaianas, senta no chão, medita em campo aberto, procura vinis
no sábado a noite, acontece na contramão das ondas fortes, avassaladoras. Sou desassossegada dentro de um
vestido preto. Não gosto de brincos maiores do que minhas orelhas e sim, não sei
varrer ansiedade para baixo do tapete. Vez por outra permito que a tristeza leve meu
sorriso, pra variar a cara lavada de sempre. Uma casa chamada intuição. É meu
coração. Alarga, absorve, expulsa, canta, contém e compõe, me põe em cima e
embaixo, que é para relembrar a existência. Sobre doer nobremente, quem
nunca? Sou carne e espírito, fiquem
sabendo.
Andréa Beheregaray.
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