"E, no limiar do meu ser, pude sentir o vento passar e, assim como o vento, já não me importam mais espelhos." Rafael L. Toscano |
Caminhamos sobre a terra noturna de nós dois. Amanhecemos sobre o mar aberto dos nossos olhares presos dentro um do outro. A distância cabe num veleiro. O vento, distinto no corpo de quem ama, é diferente. Este vento não passa. Ele sempre vem. E, trazendo a essência do amor distante, incorpora no outro, a transfiguração do solilóquio das bocas. O grande amor não perde tempo. Vive de saudade, mas exige que ela não seja efêmera. É real na imaginação sobre cada passo do outro, cada gesto, cada sorriso, cada silêncio. É sincero na paz. Porque a paz carece de lealdade. O grande amor não é como a eternidade. Um signo estático. Inalcançável. Subordinado ao desconhecimento. O grande amor se faz, se ajeita, se constrói, se refaz a cada caminhada errada. O grande amor só se mostra na delicadeza. E só.
Fernando Coelho
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