Me diz como faz para desengasgar a letra que não quer sair e ensina-me também, ela ficar bem bonita no poema, tipo desenhada como se fosse escrita com letra cursiva sem nenhuma ligeireza. Ensina-me a rimar alegria no agora e também no amanhã que é para eu ter uma previsão mais bonita do futuro. Me ensina uma reza, daquelas bem forte para o amor não se apagar tão depressa. Durar pelo menos um sol, uma lua, um café e uma prosa. Ou que dura o suficiente para deixar uma saudade bonita. E de quebra diz qual o segredo para ter um folego enorme e prosseguir a viagem sem titubear nas lombadas da vida. Faz isso, explicando devagar para eu gravar no caderninho da cabeceira e reler sempre que for necessário. Me explica com quantos paus se faz uma canoa para navegar no curso desse rio chamado vida, sem o risco de naufragar. Com quantas letras se escreve a saudade, como faz um café convidativo, um poema inesquecível, uma carta para reaver um romance inacabado. Como preencher a solidão, sem encher a vida de tolices, deixar de falar lorotas para não ter que se arrepender depois. Perdoar o que parece imperdoável, esquecer o que diz ser impossível, insistir no que vale a pena. Ensina pela última vez a deletar da memória os erros, e recomeçar com mais coragem
Ita Portugal
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