domingo, 6 de agosto de 2017

Pessoas certas não existem. Somos todos errados procurando alguém que aceite nossas imperfeições. ___________________ (D.A.)

Em uma de nossas conversas que atravessam a madrugada, um querido me sugeriu escrever sobre Ariadne. "Recolha seu novelo, e saia desse labirinto." É bela a história de Ariadne. Ela amou Teseu à primeira vista, ao vê-lo no palácio do pai, voluntário para enfrentar a morte que parecia certa no labirinto do Minotauro. Bonita, decidida e inteligente, propôs a Teseu uma troca: ela o ensinaria a sair do labirinto, ele a levaria para Atenas para casarem-se. Ele aceitou e recebeu dela uma espada para matar o Minotauro, e um fio para encontrar o caminho de volta do labirinto. Segurando uma das pontas, ela o esperava na saída, quando ele retornou, vitorioso. Mas Teseu não a amava, e a deixou, adormecida, em uma ilha no caminho de volta para Atenas. Abandonada, só, Ariadne se desespera ao acordar. Tocada por sua tristeza, Afrodite promete a ela um amor imortal.Esse amor materializa-se em Dionísio, que estava na mesma ilha e apaixona-se por Ariadne. Deus do prazer, do vinho, das festas, eles se amam enquanto dura sua vida mortal, numa celebração do amor e da alegria de viver. Após sua morte, o deus transforma a coroa que dera a Ariadne no casamento em uma linda constelação. Há muitas e belas interpretações sobre esse mito, e meu querido gostaria que eu me lembrasse que é possível refazer nossas escolhas e aceitar os presentes que a vida nos dá. O que é verdade. Mas eu vou além. O que me chama a atenção na história é a presunção inicial de Ariadne, ao acreditar que poderia se fazer correspondida em seu amor por Teseu. Bonita, inteligente, amável, apaixonada, por que estaria ela errada? Porque o amor, como disse o poeta, é dado de graça. Não se troca. Amor é incondicional. Por isso, não condeno Teseu. Talvez ele próprio tenha querido amá-la... E foi ele, afinal, o fio que a conduziu ao amor de Dionísio. Somos todos, ao final das contas, condutores e conduzidos, perdidos em algum momento em nossos labirintos, esperando pelo amor que nos guie e nos resgate para a celebração da vida.



Nina (A Menina de Cachos )

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