terça-feira, 9 de junho de 2015

"O principal fica sempre protegido. Entre parênteses ou dentro do peito". _____________________________ Clarissa Corrêa

" Acalma o coração e descansa um pouco.
 A noite nos mostra que são de pequenas
 luzes que conseguimos vencer a escuridão."


(Rachel Carvalho)
Maria tem uma vida de surpresas. Guardadora de achados e perdidos inimagináveis, espera que as flores falem. Cuida de uma avenida de coisas inesperadas. Um lugar onde alguém, alguma musa ajoelhada, esqueceu um poema em voz alta. O único endereço onde borboletas retornam sempre que precisam encontrar os casulos esmaecidos. Nesta passagem de arroios e crinas da noite, é anfitriã de lágrimas nascidas passarinhos. De repente, acode uma gota d´água muda, que nunca molhou ninguém, ou aponta o lago para um cisne que perdeu o rumo. De vez em quando, formam-se filas de gente que vem atrás de suas cicatrizes de guerra, uma foto rota ou um escapulário de vinagre, de alguém desaparecido. Tudo acontece no lugar onde Maria socorre o incompreensível, para os comuns. Agora, por exemplo, apaixonada também, porque tem um amor viajeiro, põe-se a catalogar envelopes cheios de aceno, no lugar de cartas, e lacra, alguns, para que suspiros em fá sustenido não escapem e sejam massacrados pela evaporação da memória. 


Fernando coelho

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