A intensidade é parte de cada passo nosso.
A insensatez eventual nos é
necessária e característica.
E se não lhe tivermos um pouco de loucura,
certamente não lhe temos
sequer um pouco de amor.
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Assistindo, recentemente, (e pela milésima vez), ao filme Diário de uma Paixão, me pego comovida com a linda história de amor que ele conta, mas, principalmente, tomada por um friozinho gostoso na barriga ao testemunhar a química, a vontade incontrolável que um tem do outro. Me pego querendo tudo isso. Quero sentir a beleza do que é recíproco. Ser capaz de espreguiçar minha alma, de aguçar meus sentidos e descobrir novas sensações enquanto mãos me contornam, sem pressa, como quem decora minha pele. Quero barulho de motor ecoando na minha janela de madrugada, anunciando a chegada daquele que não pôde esperar até amanhã para saciar a sede da presença. Quem ama não espera o amanhã, pois sabe que há uma eternidade que o separa do agora. Quero a leveza e o cuidado com os detalhes que permitem que as palavras vazem, sem tanta ponderação; que os silêncios abriguem magia e conforto; que o abraço seja remédio. Quero querer tanto a ponto de perder o eixo, de ser hipnotizada pelo sorriso, viciada no beijo; e saber que o outro carrega a mesma loucura, fazendo-me sentir desejada até os ossos, para que eu seja capaz de derramar, da forma mais pura, todo o afeto que cabe em mim. Acredito que o que me cativa na história dos personagens Allie e Noah não é especificamente a dificuldade, a oposição dos pais e a doença na velhice, mas a pureza de um sentimento que, independentemente das situações enfrentadas, fica estampado no corpo deles, me lembrando que – ainda que se trate de uma ficção -, ele existe, ele é real, e que, grata que sou por poder senti-lo, não me demorarei onde ele não é pleno e jamais deixarei de fantasiá-lo e persegui-lo.
Patricia Pinheiro
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