"(...) Sós com a nossa loucura e a flor preferida, vemos que não há mais nada sobre que escrever. Ou antes, é preciso escrever sobre as mesmas coisas de sempre, do mesmo modo, repetindo vezes sem conta as mesmas coisas, para que o amor continue e a pouco e pouco vá mudando. Colmeias e formigas têm de ser eternamente reexaminadas e a cor do dia aplicada centenas de vezes e variada do verão para o inverno para que o seu ritmo desça ao de uma autêntica sarabanda e ela aí se feche sobre si mesma, viva e em paz. Só nessa altura a cronica desatenção das nossas vidas nos poderá envolver, conciliadora e com um olho posto naquelas longas opulentas sombras amareladas que falam tão fundo para o nosso mal preparado conhecimento de nós próprios, máquinas falantes dos nossos dias."
John Ashbery
Nenhum comentário:
Postar um comentário