sexta-feira, 18 de março de 2016

Antes que venha o Inverno e disperse ao vento essas folhas de poesia que por aí caíram, vamos escolher uma ou outra que valha a pena conservar, ainda que não seja senão para memória... __________________________ Almeida Garrete


A vida afetiva é a única que vale a pena.
A outra apenas serve 

para organizar na consciência o
 processo da inutilidade de tudo.

Miguel Torga.
Ventava muito naquele dia mas medo, ela não tinha, nasceu do vento, era parte dela era como um amante, um prenúncio de liberdade. Aliás, ela deveria ter nascido com asas para com o vento voar, mas como, se é um ser humano disfarçado de anjo? Uma pena, pois só os privilegiados podem ver suas asas do mais puro cristal. Asas reveladas no sorriso de criança na maneira de falar com tanta pressa, dispersa... Asas que estão no olhar de menina romântica que estão na alma que não cansa do silêncio que canta. Tudo culpa do vento, que toma todo seu tempo... Não, ela não sabe voar com o vento mas alça vôos imensos através das palavras das entrelinhas, das reticências, das adjacências do amor, nas causas da dor. Tudo está onde deveria estar, tudo no seu devido lugar e mesmo que ela ainda não saiba, não precisa voar, pois tem o vento no seu tempo de dentro. Na escuridão da noite, no brilho das estrelas, na magia da lua ela é anjo, ela é catavento, ela é farol, faça chuva ou faça sol.


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