sábado, 9 de setembro de 2017

… era uma tarde como qualquer outra, vivida a bordo de seu universo particular… _________________________ @tatikielber


E se, de repente, cada alegria nova desfizesse um nó ? E se a gente nem acreditasse mais que esses nós podiam ser desfeitos? E se, de repente, nossas convicções começarem parecer endurecidas demais ? E se a gente sentir uma vontade imensa de rever as ideias, de olhar por outro ângulo, de nos dar uma chance, de ignorar os julgamentos e de ser feliz, estupidamente feliz ? E se, de repente, nos dermos conta que bem no meio da nossa vida tranquila e sossegada, surgiu aquele alguém que muda tudo que a gente já foi ? E se essa pessoa vira imediatamente uma música em loop infinito na cabeça da gente ? E se a gente não quiser nem um pouquinho dar stop nessa música? E se, de repente, todas as coisas prontas que a gente sabia descobrem-se na verdade apenas começadas? E se o que antes era muito vira agora muito pouco? E se, de repente, um único beijo durasse duas horas, e a gente nem se lembrasse que isso existia? E se já não sabemos onde fica a fronteira que divide a paixão e o amor, porque tudo anda deliciosamente misturado? E se, de repente, um olhar entra dentro da gente e nos faz sentir absurdamente amados, desejados e cuidados? E se a gente nem quiser mais se proteger? E se, de repente, a gente descobre que existe sim alguém capaz de perceber que mora um poema inteiro dentro da nossa boca? E se agora a gente sabe que saudade é uma coisa muito, muito sem graça? E se, de repente, a cama branca já não combina mais com esse desejo tão gostoso, onde o coração pulsa em sintonia com a pele, e a gente desenha hipérboles de ternura nas costas voluptuosas do outro? E se a gente começa a querer enfeitar a vida do lado de fora, só pra combinar mais com o lado de dentro ?

(Solange Maia)

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