sábado, 12 de dezembro de 2015

Eu não sei se tem alguma coisa que alivia a gente mais do que quando chega alguém perto de nós naqueles momentos difíceis. Pega nossa mão e diz: “Eu estou aqui!” _______________________ Padre Fábio de Melo



“Solidários, seremos união.
Separados uns dos outros seremos pontos de vista.
 Juntos, alcançaremos a realização de nossos propósitos.”

Bezerra de Menezes

“Estou vivendo a mística dos retornos. Adentrei os labirintos do tempo para reacender minhas saudades. O motivo é um só: ando mais necessitado de passado do que de futuro. Enquanto o futuro imagino, o passado sabe quem eu sou. Ele é o guardião de minhas memórias. Por isso eu retorno. Para recobrar as lembranças que me confessam, para reaprender as simetrias de minha alma, para reatar o cordão de minhas origens e voltar a pisar as areias brancas da cidade que me viu nascer. Volto para reencontrar a cultura do meu povo, reassumindo com ele o compromisso de nunca me esquecer os construtores deste mosaico que me tornei. Porque depois de muito andar, depois de vasculhar estradas e destinos tantos, eu descobri que o melhor lugar do mundo sou eu mesmo. Nada será novo, mas as regras da vida continuam as mesmas! Se quero um mundo melhor terei de cultivá-lo primeiramente em mim. Preciso me livrar das inocências que me semeiam ilusões. A solidariedade que reconheço ser necessária nos dias de hoje depende de mim. Se não estendo a mão na direção do que está ao meu lado, não faz sentido orar para que termine a fome no mundo. É no estreito dos meus caminhos que posso transformar o universo. Se considero a verdade como um valor irrenunciável, preciso quebrar o elo da mentira que sustento. É na mentalidade que a semente da liberdade interior encontra ventre, lugar para crescer. E nisto consiste a beleza desse instante: o tempo está passando, mas o encanto que você pode recolher será o suficiente para esperar até amanhã, quando o pássaro encantado, quando você menos imaginar, voltar a pousar na sua janela. Ando também pensando no poder das palavras. Há palavras que bendizem, outras que maldizem. Descubro cada vez mais que JESUS era especialista em palavras benditas. Quero ser também. Além de bendizer com a palavra, ELE também era capaz de fazer esquecer a palavra que amaldiçoou. Evangelizar consiste em fazer o outro esquecer o que nele não presta, e que a palavra maldita insiste em lembrar. Quero viver para fazer esquecer! Queira também! Nem sempre eu consigo, mas eu não desisto. Não desista também. Há mais beleza em construir do que em destruir! Fico pensando que evangelizar talvez seja isso: descobrir jardins em lugares que consideramos impróprios. Os jardineiros sabem disso. Amam as flores e por isso cuidam de cada detalhe, porque sabem que não há amor fora da experiência do cuidado. A cada dia, o jardineiro perdoa as suas roseiras. Sabe identificar que a ausência de flores não significa a morte absoluta, mas o repouso do preparo. Quem não souber viver o silêncio da preparação não terá o que florir depois... Precisamos aprender isso. Olhar para aquele que nos magoou e descobrir que as roseiras não dão flores fora do tempo nem tampouco fora do cultivo. Se não há flores, talvez seja porque ainda não tenha chegado a hora de florir. Cada roseira tem seu estatuto, suas regras... Se não há flores, talvez seja porque até então ninguém tenha dado a atenção necessária para o cultivo daquela roseira. A vida requer cuidado. Os amores também. Flores e espinhos são belezas que se dão juntas. Não queira uma só. Elas não sabem viver sozinhas... Quem quiser levar a rosa para sua vida, terá de saber que com ela vão inúmeros espinhos. Mas não se preocupe. A beleza da rosa vale o incómodo dos espinhos... ou não.

Padre Fábio de Melo

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