quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

"(...) E o verso, amanhecido, descreveu mais um novo amanhã. (Conheço versos a quem o presente nunca é bastante e cujo horizonte é sempre uma ponte a conduzir-lhes ao horizonte do além)....." ___________________________________ Nara Rúbia Ribeiro

"...devemos desistir da vida que planejamos
e aceitar aquela que está esperando por nós".

__ Joseph Campbell
Buscadora de si, pisou na areia com pés firmes abrindo mão dos falsos atalhos que escolhera. Navegou por toda sua vida de antes com velas içadas a ser levada pelo sopro de outras vozes, ideias tantas e conselhos muitos. E assim, chegando onde não queria, alcançou lugar nenhum. Hoje era o primeiro dia de um ano inteiro a lhe revelar o novo e, entre todos os que lá estavam a contemplar céu colorido e beber champanhe, esperava ela sua primeira promessa do porvir vinda de dentro. Queria traduzir-se amanhã e depois em muitas versões de si mesma, a desmentir o velho triste e a colher próspero interior a florescer madurez. Cansada de levantar muralhas a cobrir o infinito das bênçãos procuradas ou, de querer saber qual lado da moeda se irá mostrar, abandonou seus pedaços, seus cacos e suas crenças: pular sete ondas, acender sete velas, colher sete rosas, dar três pulinhos, notas no sapato, lençóis limpos, comer lentilhas, romã, uvas, folhas de louro; não mais entregaria ao destino a boa sorte. Agora, era ela a boa sorte a não mais esperar o mar lhe trazer conchas bonitas ou pedras opacas; resolveu decorar ela mesma de formas novas e cores outras a sua vida.


Remaria contra a maré, mas com o vento a seu favor.

Guilherme Antunes

Bem- vindo 2016

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