domingo, 20 de novembro de 2016

Sempre sofri. Sempre tive febre. Sempre estive inteira em todos os infernos. Nunca quis ser abandonada. Mas aprendi a perder. O Naufrágio me ensinou a ternura dos afogados. _____________________________________ Marize Castro

Dei um pulinho no céu, que é o que a gente faz cada vez que visita aquelas lembranças, azuis que são, de tanto céu, azuis que são de tanto mar, mergulhos de sonhar, não dormir pra acordar, lá dentro, no mais afetuoso lugar, aquele azul bonito que se intensifica, qualifica sempre mais e mais e mais, banho de sais, perfumes que pairam nas ondas de cada gota desse mar céu azul de lembrar. Nem um som. Nem um movimento. É tudo por dentro. Até respirar pede pausa. Como se entre uma puxada de ar e outra, algo raro, único, irretornável, fosse escapar. Não escapa. Pode respirar. Transbordam águas que sempre voltam ao mesmo lugar. A primeira intimidade. O suspiro. A reação. Outra ação. Tão delicada. Noite longa. Madrugada. Nem um toque poderia ter tanto poder quanto a palavra encantada. Despertada. Noites de lua. E estrelas. Ora chuvas. Ora poeira. E aquela zonzeira boa de tocar o irreal, o celestial momento de estar. No outro. E o outro. Te invadir. Sentir. Poderoso verbo. Sentir. Nada te rouba o sentido. São dos sentidos o território seguinte. Portal. Abram-se instantes. De novo. E de novo. Infinitamente dentro e além. Não é da mente. É mais. É céu azul. E mar. Quando nos pomos a imaginar...Dei um pulinho no mar. E ara tanto azul. Que parecia mais que mar. Já era céu quando fechei os olhos. E as estrelas se sumiram pra deixar o azul ser todo meu. Por uma meia hora. Ou um pouco mais. Estávamos juntos. Como o combinado. Lá no início. Pra Março. As estrelas tocavam pra nós, e a multidão sumia. Sorrir junto era a prova dos nove. Dos dez. Dos milhares de dias que negociamos ficar. Sua mão na minha. Minha mão na sua. Juntas, bocas sempre a procura, a sua à minha, como se a minha não estive a um palmo da sua. Dançamos como loucos. Alucinamos. E rimos. E rimos juntos como se só a gente soubesse o segredo dos sorrisos. O que te fato fazia sentido. Invadimos as portas do céu. Retomamos nosso estado de anjo. Eu, o seu. Você, o meu. E havia invasão. Angelicais eram nossos passos em direção aos nossos próprios passos, que se faziam prazer em compasso. Quando tudo é um prazer. Ou era. Acordar. Abrir os olhos. Despertar. Dentro. E ir e vir e nunca pensar em verbos finitos. Só os bonitos. Outra é a forma de ser dentro do amor. Ali não cabia nada mais, além do amor. Era céu. Azul do mar. Onde eu fui mergulhar. E você veio atrás. Dei um pulinho no azul, e era tudo azul demais, azul que é a cor da fantasia que só se confidencia à lua, à cama, às aguas do céu às estrelas do mar...Que lugar é este pra onde a gente vai sem ir, e quer lá ficar , pra sempre, sem nunca mais ter que voltar... Será que o céu é um pedaço de tudo que se perdeu e se amou e se quis, será que o céu é descobrir que a gente era capaz de ser feliz, e assim, como o azul é azul em tanta matriz, ganhar um cantinho lá dentro, anjo ser de um, para o outro, pra dentro, mar, além, é tanto céu, fechar os olhos, e de repente ver a lua, contemplar o tamanho da lua, e ali na janela, seminua, cantar baixinho qualquer canção que continua, nos ecos, dos suspiros, dos corações vadios, que antes de dormir, acordam pra bulir com sonhos, lembranças, pulos de prazer, azul do céu, bem fundo, no mar, dentro, fora, acima, embaixo, vontade de ir, e lá ficar!

Be Lins

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