domingo, 19 de abril de 2015

“Ventava, fazia barulho, chovia forte, o céu estava nublado. E o pior é que a tempestade não era lá fora. Era dentro de mim.” _________________________________ Renato Russo.

Ela tem tudo o que toda mulher tem.
 Mas toda mulher não tem o que ela tem.
 Ela é única.

Fernando Coelho
Descansar a cabeça doente em areias claras. Não sentir culpa ao mimar os olhos com as reverências das ondas. Pensar nele de vez em quando. Nos objetivos, sempre. E desejar a água de coco mais gelada. O silêncio acobertando inquietações. As conclusões erguendo-se abatidas. Uma esperança de que nada mude. Mas que graça teria se tudo permanecesse? Cansar-se do conforto produz estímulo. Temperar a vida buscando momentinhos felizes. Posso pensar mais um pouco? Enquanto observo o mar escurecer cheio de adeus. Posso? Posso saciar a mágoa com lágrimas? E posso protegê-las da exposição? Só quero encontrar alguma coisa que ainda nem sei. Mas venho sonhando, durante as tardes, que preciso. No momento, minhas boas intenções sofrem. Minhas mãos. As ideias. A segurança. E tudo pode parecer tão recente. O grito sem propósito. Eu não deveria ter passado a tinta por cima da angústia que me cerca. Mas que outro jeito conheço eu para escapar de discórdias? Quero continuar seguindo. De perto. Posso? Com algumas restrições. Revezo a atenção entre consequências e bisbilhotadas ao céu que se maquia de vermelho.

E decido. Me interromper? Não posso.


Priscila Nicolielo

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