"Ele nos ungiu, nos selou como sua propriedade e
pôs o seu Espírito em nossos corações
como garantia do que está por vir."
2 Coríntios 1:21-22
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A Adélia diz: “De vez em quando Deus me castiga, me tira a poesia. Olho uma pedra e vejo uma pedra…” Tem gente que ouve o canto das cigarras e ouve apenas o canto das cigarras. Tem gente que fala Páscoa e só vê ovo de chocolate. Pensam na ressurreição como algo que aconteceu, faz muito tempo, num lugar distante. (Impossível diriam, mortos não ressuscitam.) E pensam em algo que acontecerá de novo num tempo distante, muito longe, no futuro (Impossível diriam, Mortos não ressuscitarão!). Mas a poesia não conhece nem o passado e nem o futuro. O passado sobre que a poesia fala é presente na memória e nos sentimentos. O futuro sobre que a poesia fala é presente na esperança. Assim os poemas da ressurreição falam sempre do presente. A Morte é agora. Nós somos o túmulo. “Quem anda duzentos metros sem vontade anda seguindo o próprio funeral vestindo a própria mortalha…’ Muita gente morreu e não percebeu. Mas a Ressurreição pode acontecer a qualqer momento.
Rubem Alves
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