domingo, 15 de fevereiro de 2015

"É sina de Pierrot chorar por Colombina!"


Se o amor é fantasia, eu me encontro

ultimamente em pleno carnaval.

Quanto riso, oh, quanta alegria; mais de mil palhaços no salão. O Arlequim está chorando pelo amor da Colombina, no meio da multidão..." - Espere, quem chora por mim não é o Arlequim! - Colombina analisava a antiga canção carnavalesca - Quem sofre por amor, que eu saiba é o Pierrot!- Me acostumei a ser injustiçado! - Pierrot interrompe a longa análise de Colombina - "Amar sem ser amado é melhor morrer crucificado", como diz o velho ditado. - Ora, Pierrot... deixe de lado o sofrimento! - consolava Colombina - Não posso escolher qualquer sentimento! - Bela Colombina, caso fosse assim, escolheria não amar Arlequim? - Escolheria simplesmente não amar, seria fácil evitar a dor. Pra que um dia venha a me deixar e eu passe a conhecer o desamor. Vê Pierrot, como tudo é sem sentido? Me apaixono facilmente interpretando um verso lido! - Pois meu amor terá a cada novo dia. Já Arlequim não lhe exalta a garantia.- Mas, Pierrot, minha vida é tão vazia! Não é o calor da alma que afaga a nostalgia!- Então é isso? Confia seu amor a quem não lhe quer? Arlequim não a vê 'Colombina', mas qualquer outra mulher. Já eu lhe vejo pura, minha menina! - É amor verdadeiro, ou apenas obsessão? - pergunta Arlequim em um tom irônico encarando Pierrot - Não use chantagens para ganhar um coração! - Colombina é minha vida, e não um objeto de desejo. Quero ganhá-la com palavras, e não com a força de um beijo! - responde Pierrot irritado. - Egoísmo seu querer "ganhá-la". Aceite o melhor para ela, deixe que eu passe a amá-la! - conclui Arlequim. Pierrot perde a cabeça por alguns instantes, mas em seguida fica sem reação. É pouca a força da raiva diante de um bom coração. Colombina ajeita a saia e se mostra indecisa, caminha por toda a sala, mas somente os analisa. Arlequim sorri sarcástico, seu olhar é indecente, ninguém entenderia o eterno segredo de sua mente. Colombina sorri para um e o outro lhe segura a mão. Um lhe causa um tremor quente, outro lhe acalma o coração. - Sou apenas uma menina, por isso sinto tanta dor, de Arlequim é meu desejo, de Pierrot é meu amor. De nada adianta ter sonhos impossíveis e somente me iludir, no fundo sei que entre os dois jamais irei me decidir. "Agora chora Pierrot que é sua sina, é sina de Pierrot chorar por Colombina!"

livremente inspirado no texto "Máscaras" de Menotti Del Picchia

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