quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Guarda-me na memória para, ao atravessar o rio do tempo, saber de mim na outra margem. __________________________ Gui Antunes

Dizia ela amar aquela menina sonhadora que por vezes encontrava no espelho do seu quarto. Amor era verbo vivo no reflexo e hoje preso no passado porque menina odiava não mais conseguir sonhar. Ignorava que não mais sonhava por amor se encontrar dormindo. Havia ela se esquecido de como seria novamente não precisar dormir para se sonhar. Sonhar sem medo. Porque o que lhe restava era pesadelo como enfeite no quarto que tanto a assustava e a deixava presa na cama, impedindo-a de caminhar serena no jardim de si. Acostumou-se com monstros e frustrações que a convenceram a ficar por ali, sem sal, sem gosto, sem vida, sem novos capítulos e voos mais altos. Mas quando faminta se alimentou de surpresas e novidades que colheu, lembrou que arriscar era mais vantajoso e prudente do que se encolher.

E aí, menina voltou a sonhar



Gui Antunes

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