Ela quer ser olhada. Ela busca ser olhada. Mirada, contemplada, despida. Clama por olhos abusados que cruzem com os seus. Dedicados. Olhos amantes. Olhos atentos a saber dos silêncios que gemem seus desejos. Anseia ser encontrada como alguém jamais a procurou. Um olhar devasso a devassar suas entrelinhas. A enxergar suas invisíveis confissões. A sua própria existência. Um olhar que a decifre e a devore. Sonha por dissolver-se no par de olhos que a mergulhe. Que a asfixie. Que a salve. Acredita que os olhos podem ser perigosos. Acredita que os olhos devem ser perigosos. Quer sentir-se nua. Quer sentir-se plena. Busca a ventura do salto acompanhada ao precipício. Somente o amor pode realizar o salto. Somente o amor pode despi-la.
Ela quer sentir-se amada.
Gulherme Antunes
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