Não sei se porque não aprendi
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a cuidar de mim
não aprendi a cuidar de ti
não aprendi a cuidar de nós
um dia eu tão bem soube cuidar
dos cactos – mas as outras
plantas morreram
algumas de sede, outras úmidas em demasia
e fiquei eu, e ficaram os cactos
e os vasos vazios e os meus olhos
soterrados por luz e água salgada
tenho aprendido a cortar as raízes
mas nos meus olhos, terrenos inóspitos
flores inominadas continuam
misteriosamente a nascer
(Flávia Brito – "Cactos")
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