Arquivo Pessoal |
"No meu planeta natal não há muito a dizer, a memória é coisa curta, a conversa directa ao assunto e, talvez por isso, os habitantes andam quase sempre sorridentes e pouco zangados. Nada, ou quase nada, lhes lembra tristeza porque não se lembram de quase nada; e porque não deixam que as poucas palavras que usam (por saberem poucas) lhes enredem os pensamentos em paradoxos e contradições; a maior parte deles, dos pensamentos, não são grandes e solenes, como os dos super-homens e mulheres daqui, são antes pequeninos pensamentos e por isso pensamentos muito livres e felizes. Mas a grande diferença entre este planeta e o meu planeta natal é a memória. Os habitantes do meu planeta natal têm pouca memória. Quiçá por serem menos prolixos, por terem menos léxico, no meu planeta natal cita-se pouco. A memória, coisa a que nada escapa, é outro dos superpoderes deste planeta. No meu há menos memória, inventa-se mais. Inventam-se vidas, histórias, passados. É um planeta onde não há História, só há ficção. Todos os dias a História é diferente, reinventada".
Do Escrever é triste de Rakan Ben Zolof 25, codinome Pedro Bidarra
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