O Outono é aquela estação do ano em que a nostalgia ataca em peso. As árvores despem-se quase por completo e as ruas são infestadas com o cheiro a terra molhada e folhas caídas. Não tenho nada a apontar quanto ao cheiro, é deveras apaziguador se formos pensar bem. O que eu não gosto é mesmo da nostalgia e do quanto me custa pensar nisso. Os ventos não são só incomodativos para o corpo pois parece que trazem com eles um monte de pontos para pensar. O Outono simboliza o regresso às aulas: as conversas de verão, à noite numa esplanada ou na praia, dão lugar a mensagens enviadas à pressa ou a conversas breves no banco do autocarro. O tempo começa a ficar limitado e os hobbies parecem não ser suficientes para escapar à rotina. Sinto, com o Outono, que os pensamentos sobre o amor são cada vez mais frequentes e parece haver uma enorme necessidade em dar as mãos ou dividir uma manta num Domingo à tarde em frente à televisão. Talvez seja a carência a falar mais alto mas acho que a chuva que espreita à janela me sussurra para que eu saia de casa. Mas faltam-me os objetivos. Parece que com o tempo eles deixaram de existir e agora apenas paira sobre mim uma enorme dúvida sobre o que devo fazer, pelo que devo lutar. Falta-me a força, faltam-me os motivos e a vontade. No Outono sou uma mera folha caída, coberta em água da chuva, esperando que num dia esteja novamente apta para voar.
Pauo Alexandre Silva
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