quinta-feira, 13 de agosto de 2020

"Quando a paixão não bate à porta entre invernos e verões a gente alimenta saudades (...)"

Ela sempre soube, mas preferiu ignorar os antigos manuais. Rasgou os argumentos de uma solidão conhecida e maquiou outros significados para ir além. Relevou algumas descrenças e desmascarou as ilusões. O plano parecia dar certo e torná-lo perigoso era empolgante. Enquanto desafiava a loucura, dissimulando os desejos, outros diziam que ela havia perdido a noção do risco. Aprendeu o  descompasso de um ritmo desconhecido e atormentou o silêncio da tristeza com um riso incontido. Jogou com algumas cartas camufladas e intimidou as razões avessas, seduzindo o vazio de uma noite monótona. O que ela não havia notado, ainda, é que o medo de amar estava fora de moda. A solidão já não voltara pra casa há dias e as letras de uma canção antiga tinham, agora, pronuncias de amor. Era tarde demais para sair em busca de outras explicações. Ela estava apaixonada.


Ana Carolina

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