quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Às vezes (demasiadas vezes) eu tenho vontade de ser menos intensa, só para poder entender como o resto do mundo aguenta essas coisas que me devoram permanentemente e de uma forma tão absurda... (Clarice Lispector)

Ainda te choro, assim do nada. Uma música que toca e és tu quem ali está a cantar-me. Apareces-me e levas-me para aquela tarde estranha em que não queríamos mais estar zangados, mas não sabíamos como fazer as pazes. E então a música tocou. E foi mais fácil pedir-te colo. E foste mais rápido em me dar. No outro dia até te chorei através do choro de uma amiga e das dores que lhe andavam a fazer no peito. Como as que achei que nos fizemos um ou outro. Lembrei-nos a avançar milímetros na mesma direção, para depois recuarmos quilômetros em sentidos opostos. Mas demos por nós mais perdidos sozinhos do que a desbravar um caminho juntos. E voltamos para trás. Encontramo-nos ao meio e demos de novo as mãos. Até que as largamos de vez porque a promessa de mudança foi deixando de bastar para o regresso a Casa a cada volta cada vez mais longa... Tenho-te chorado mais agora, assim do nada, porque não morreste simplesmente. Fomos cúmplices no homicídio lento da vida que havia em nós. E como são pesadas as lágrimas de saudade quando carregadas de paixão e amor...


IdoMind  

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