segunda-feira, 26 de junho de 2017

De vez em quando, surge um vento mais forte e fecha as janelas pelo lado de fora. Quando acontece, é bobagem tentar brigar com o vento. A gente espera ele esvaziar e reabre as janelas pelo lado de dentro. _________________________ Ana Jácomo

As mãos dadas, as palavras serenas, a cidade assaltada por perfumes, intenções levemente apimentadas pela ausência de limites, limitadas estariam apenas as estradas de acesso ao medo e às crenças que desconsideram as verdades amorosas, pela incompetência de ser estar transformar-se em alguém mais amoroso. Um mundo são milhões de pessoas, e um mundo pode conter apenas dois. E o amor no meio disso. Presente. Sempre. Fazendo-se vento, folhas caem para sinalizar _ olha o amor!, flores pipocam em ipês amarelo-solares, e sussurram, _ olha o amor!, um beijo, dois beijos, muitos beijos acontecem exatamente neste instante, e no instante que se fará seguinte, e em todos os demais, beijos estalam-se mais do que so teimosos nãos que somos capazes de dar, e para que?, para dizer _ olha o amor!, o movimento dos carros, as idas e vindas, quem chega, quem parte, quem fica, quem volta, quem é que não faz tudo que faz exatamente por amor, como se toda alma ultrapassasse os domínios aparentes do corpo, adquirindo vida própria e valendo-se de cada gesto para lembrar _ olha o amor!, OLHA O AMOR, CAMARADA!, renda-se, não se oculte em sombras bobas que nada mais são do que, (oras, vejam!) amor, é tudo amor, sombras, mágoas, lágrimas, dor, é tudo amor, do avesso, do direito, em cada botão de rosa ou de roupa que cai no chão quando o amor se faz também com o corpo de quem se ama. Está tudo impregnado de amor, embora ele seja muito muito muito maior do que se pode ver.



Be Lins

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