domingo, 15 de janeiro de 2017

As lembranças fracionam um inerte passado, Quando a nostalgia regressa com suas dúvidas. Ontem, caminhando pelas ruas, me lembrei do tempo Em que o amor era capaz de levar luz ao vento e respirar. Essas ruas ainda seguem falando de nós... _____________________ (Adilson Shiva)

Cena do Filme Titanic
Será que todo mundo tem as sensações que me acometem de vez em quando? Saudade da infância, preguiça da vida, um vazio existencial tão grande que só pode ser explicado como saco cheio. Vivo no meio do caminho, carregada de “mais ou menos”, levando vírgulas e reticências que coleciono desde a adolescência. Nunca soube me desfazer dos cadernos usados, que dirá das mágoas e amores mal resolvidos. Jamais perdoei meu primeiro amor da infância. Era um presságio: “Prepare-se, sua vida romântica será dirigida por Lars Von Trier, e mesmo no ápice do sucesso, ninguém entenderá nada!”.Sabe, as pessoas seguem em frente enquanto eu ando em círculos. Parece que as frustrações são grãos de areia convidativos e eu sou a criança com um balde, aquela que insiste em construir castelos na beira do mar. Eu até gosto das ondas. É com resignação que as vejo batendo nas torres tortas do meu castelo, pronta para começar tudo outra vez. Vê? São tantas loucuras e elucubrações sem sentido que não posso deixar de questionar se são exclusivamente minhas. Mantenho uma coleção de arrependimentos tão grande quanto a coleção do Louvre. A diferença é que minhas dores não tem público. Vai ver é por isso que o tempo se arrasta e nunca dou certo com ninguém. Há muita arte abstrata aqui dentro, muita coisa esperando para ser entendida, mas o amor quer figuras simples: uma casquinha de sorvete, um passeio de mãos dadas, a intensa superficialidade de uma relação que acontece no dia a dia, e não nas entranhas das minhas crises existenciais. Acho que fui embora em cada amor que não rolou. Cada um desses caras, dos que amei e dos que eu quis amar, carregou um teco da minha paz solitária, deixando essa fulana ansiosa e deprimida, essa velha que tem pressa e preguiça na mesma medida. Eu queria ser Meg Ryan, mas sou Kate Winslet forjando uma grande história de amor, agarrada a uma tábua, vendo tudo afundar e perdendo o par romântico em menos de 48 horas. Quanto mais eu amo, menos sei sobre amor.


Fhá Queiroz

Nenhum comentário:

Postar um comentário