Você tem o sorriso de folha dourada e navega no segredo entre o outono e a primavera. Fernando Coelho |
Calem as palavras. Pois não acredito em nenhuma. Prometem aquilo que não somos. Basta confrontá-las com a realidade, com a dificuldade, e se estilhaçam, caem por terra, esquecem-se de ser o que prometeram no instante que esquecemos de ser aquilo quando prometemos. Quero uma palavra que me acompanhe por entre as sombras e banque a si sua existência. Quero a palavra que descanse e não me dê apenas a ideia de alívio. Quero a palavra que alivie e não me dê apenas temporária anestesia. Quero uma que valha mais que os silêncios. Amor declarado não é o suficiente. Quero o amor em prática, a sinceridade empírica, o cuidado e a atenção vividos no verbo realizado. Insistimos em sermos aquilo que nos impede de sermos melhores. E falamos sempre o contrário.
Guilherme Antunes
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