terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Dar vida aos mortos é obra para infinitos deuses. Ressuscitar um vivo: um só amor cumpre o milagre. (Mia Couto)


"O amanhã é  incerto.
Ame hoje!"

Ita Portugal
Nina sempre foi dessas mulheres que dão murro em ponta de faca. Nunca tomou porre de vinho, nunca armou confusão, nunca feriu ninguém. Sempre quis concentrar-se no ser, no que podia dar de si pro mundo, para as pessoas que a rodeavam. Cresceu forte, de pedra, de aço, quase heroína, quase guerrilheira. Aprendeu a ver o mundo com olhos de águia. Por dentro, o coração de gelatina de morango, sempre doeu-se muito, mas calada. Trancou matrícula do curso de psicologia e decidiu viver por aí, dedicando sua sensibilidade e seu tempo aos outros. Às vezes, quando caia, se amontoava num canto, colocando a língua no céu da boca pra não chorar. Era do tipo que se esfolava toda pelos outros e tinha completa certeza que ninguém nesse mundo sofreria um arranhãozinho por ela. Sempre sozinha, mas com um milhão de soldados dentro dela. A batalha era árdua e sua única arma era o amor.


Ju Fuzetto (Trecho do livro: Nina sabe sorrir)

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