quarta-feira, 3 de março de 2021

Volta e meia entro numa cilada meio exotérica – nem sei bem como isso funciona, mas entro – e passo a acreditar em nuvens de algodão... ______________________________________ Marina Melz

Descansar a cabeça doente em areias claras. Não sentir culpa ao mimar os olhos com as reverências das ondas. Pensar nele de vez em quando. Nos objetivos, sempre. E desejar a água de coco mais gelada. O silêncio acobertando inquietações. As conclusões erguendo-se abatidas. Uma esperança de que nada mude. Mas que graça teria se tudo permanecesse? Cansar-se do conforto produz estímulo. Temperar a vida buscando momentinhos felizes. Posso pensar mais um pouco? Enquanto observo o mar escurecer cheio de adeus. Posso? Posso saciar a mágoa com lágrimas? E posso protegê-las da exposição? Só quero encontrar alguma coisa que sei bem o que é. Mesmo assim venho sonhando, durante as tardes, que preciso. No momento, minhas boas intenções sofrem. Minhas mãos. As ideias. A segurança. E tudo pode parecer tão recente. O grito sem propósito. Eu não deveria ter passado a tinta por cima da angústia que me cerca. Mas que outro jeito conheço eu para escapar das tristezas? Quero continuar seguindo. De perto. De longe. Com algumas restrições. Revezo a atenção entre consequências e bisbilhotadas ao céu que se maquia de vermelho. E decido. Me interromper? Nunca.

Priscila Nicolielo

Nenhum comentário:

Postar um comentário